Nos seis primeiros meses do ano, o Brasil exportou 337 mil toneladas de carnes de frangos, suínos e bovinos para a Rússia. Grande parte das vendas foram feitas no sistema extra-cotas, ou seja, para que um volume maior de produtos brasileiros entrasse no mercado russo, o Brasil teve que pagar uma tarifa de importação de quase 100%.
Agora, o país pressiona para que a Rússia acabe com esse sistema já no começo de 2010, quando vence o prazo acordado com Estados Unidos e União Europeia. Hoje, os dois fortes parceiros comerciais detêm 98% das exportações de frango; 83% das vendas de carne bovina e 67% das cotas de importação de suíno do mercado russo. O restante fica com Austrália, Nova Zelândia e Brasil.
? A proposta básica é de que não haja cotas, apenas tarifas. Mas os russos dizem que diante do cenário econômico de crise, instabilidade da moeda deles, dificilmente eles poderiam abrir mão de uma cota já que eles têm políticas internas de estímulo à produção. Então a gente até admite uma cota, mas que ela não seja distribuída por países, que seja critério de quem chega primeiro leva a cota ou quem for mais competitivo, que na prática é o que vai acontecer ? diz o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
Apesar de a Rússia ainda não ter fechado um acordo com o Brasil, ela se mostrou disposta a negociar. Porém, o governo brasileiro sabe que as conversas não são fáceis, já que, do outro lado, Estados Unidos e União Européia continuam pressionando para que as cotas sejam mantidas.
? A nossa expectativa é de que ainda possamos realizar este ano a CAN, que é a Comissão de Alto Nível Brasil-Rússia. Com este alto nível de autoridade a gente acha que é possível se chegar a um acordo e ter uma posição mais favorável para o Brasil, a partir de 1º de janeiro do ano que vem ? completou Porto.