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Peste suína africana: Brasil deve vender menos soja e mais carnes à China

Analistas dizem que governo brasileiro deve balancear negociação com os chineses para conseguir lucrar com este contratempo sanitário

suínos na granja
Surto de peste suína na China deve diminuir necessidade de uso de ração no país. Foto: Thiago Gomes/Susipe

O surto de peste suína africana que vem castigando os rebanhos de suínos na China deve matar entre 125 milhões e 175 milhões de animais em 2019, segundo levantamento feito pelo Rabobank. Se os dados se confirmarem, a produção chinesa deve cair até 35% e, junto com ela, a necessidade de compra de ração.

O Brasil deve diminuir o embarque de soja para o país de 88 para 84 milhões de toneladas. De acordo com o analista de grãos da instituição, Victor Ikeda, a soja deve se manter em baixa, mas o cenário internacional pode equilibrar os valores.

“A perspectiva, caso Chicago se mantenha pressionado em função da guerra comercial, é que a gente possa ter uma certa compensação nos prêmios. Então, basicamente, o que temos conversado com os produtores de uma maneira geral é para aguardar os próximos meses, pois o mercado ainda pode gerar alguma oportunidade. Por outro lado, é importante frisar que não se deve ter um preço em mente, pois o movimento de alta pode ser muito curto”, contou.

Os reflexos da doença só começaram a ser sentidos no Brasil, de fato, a partir do mês de abril. O país embarcou 25 mil toneladas de carne suína para China e para Hong Kong, o que representa 50% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Teremos uma demanda mais forte na metade do ano e segundo semestre. Eles (chineses) abateram boa parte do rebanho sadio para evitar uma perda ainda maior, o que aumenta a demanda por produtos importados seja do Brasil, Estados Unidos ou União Europeia“, avaliou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

O Brasil sairá ganhando com esta crise?

O quanto o nosso país vai vender a mais com este cenário vai depender da habilitação de mais plantas para exportar para a China. Atualmente, temos nove plantas autorizadas de carne suína, 31 de frango e 15 de carne bovina.

Com a viagem da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, aos países asiáticos, a ABPA espera que mais 50 plantas de aves e suínos sejam autorizadas a exportar. O interesse para que isso aconteça também é dos chineses, que estão pagando caro na guerra comercial com os Estados Unidos.

De acordo com o analista de carnes da MB Agro, César de Castro, os chineses já estão pagando 62% a mais de sobretaxa na carne suína norte-americana.

“A primeira coisa a se fazer seria esperar que a tarifa caia entre os dois países, já que os EUA possuem uma produção muito maior do que a nossa. No entanto, para o Brasil, faria todo sentido aumentar o número de plantas para conseguir originar mais carne”, concluiu.

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