Isso envolve a realização das vistorias prometidas ao governo russo nas plantas produtivas, tarefa que deve ter início na próxima semana, e o investimento na estrutura de laboratórios.
? Nós já temos uma parte dos recursos e eles não são necessários todos ao mesmo momento. Então, eu vou levar para Dilma, que tem um interesse enorme no apoio ao agronegócio e em particular àqueles produtos que têm desempenho importante no exterior, um apelo para que nós possamos fazer esses investimentos ? afirmou Rossi.
Por enquanto, para evitar que o bloqueio seja efetivamente aplicado, Rossi destaca que a estratégia será a de negociação. Segundo ele, o vice-presidente, Michel Temer, escreveu uma carta, na terça, dia 7, ao primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, pedindo que não seja aplicado de imediato o embargo às compras de carnes brasileiras. O Brasil quer dois meses para se adpatar às novas exigências do mercado russo.
Segundo Rossi, o ideal seria o cumprimento do cronograma de atividades firmado com autoridades russas em meados de maio, quando Temer esteve em Moscou, em missão realizada para ampliar o comércio entre os dois países. Na ocasião, o Ministério da Agricultura garantiu ao serviço veterinário russo que faria novas auditorias em todas as indústrias de carnes bovina, suína e de aves habilitadas a exportar para a Rússia.
Essa programação está mantida e as vistorias devem começar na próxima semana, disse Rossi. Na impossibilidade de ser mantido o cronograma acertado anteriormente, a meta é que seja aplicado um “waiver” (perdão), prorrogando por 15 dias o início da vigência do embargo pela Rússia.
? Parece que há certo descompasso entre os órgãos (do governo russo) ? declarou Rossi, lembrando do acerto que havia sido firmado em meados de maio.
A crise que envolve a venda de carnes para a Rússia está sendo monitorada continuamente pela equipe dos ministérios da Agricultura, Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, destacou Rossi. Além disso, as discussões envolvem também os dirigentes das principais instituições que representam o setor produtivo de carnes, como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) e a União Brasileira de Avicultura (Ubabef).
A primeira reunião com o setor produtivo, destacou o ministro, “não foi uma reunião de flores, mas de responsabilidades”. O ministro da Agricultura disse que o Brasil deveria estar preparado para atender as exigências russas, embora ressalvando que os critérios solicitados não são os mesmos usualmente exigidos por outros mercados.
? Mas não adianta criticar o nosso cliente no Exterior, dizer que ele tem regras peculiares. Antes de discutir sobre a ‘desnecessariedade’ dos exames solicitados, temos de fazer a lição de casa. Mesmo que sejam pedidos absurdos, são pedidos do nosso cliente. Cobrei do setor produtivo que não é aceitável que algumas plantas produtivas sejam visitadas e apresentem desconformidades ? declarou.
Ainda assim, Rossi relatou que a última missão europeia que visitou frigoríficos brasileiros “saiu altamente bem impressionada”. Em relação à postura russa, Rossi disse ter encarado com estranheza o fato de que “no dia seguinte que a missão saiu daqui, o relatório estava publicado em Moscou”.
Para garantir que todos os exames solicitados em relação às carnes brasileiras sejam rapidamente realizados, Rossi admitiu que a necessidade de investir na rede de laboratórios.
? Vou levar à presidente Dilma um pedido especial para que tenhamos um processo de atualização e que nossos laboratórios alcancem um patamar novo ? afirmou.
O ministro ressaltou que 17% das exportações do agronegócio envolvem o setor de carnes, ao justificar a importância dos investimentos no setor. Em relação ao embargo russo, destacou que o embargo prejudica principalmente a área de suínos, pois entre 40% e 45% das exportações do segmento seguem para a Rússia.