BRF quer se manter entre os cinco maiores exportadores, diz executivo da empresa

Wilson Mello Neto diz que companhia está na primeira lista do Ministério da Agricultura para ter unidades habilitadas a vender carne suína aos EUAA crise que atinge as principais economias mundiais preocupa a empresa de alimentos BRF Brasil Foods no que diz respeito aos volumes a serem exportados no ano. Porém, a abertura de mercados relevantes para a proteína brasileira pode compensar o eventual impacto negativo nas vendas externas da companhia. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, o vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF, Wilson Mello Neto, diz que acredita que o recrudescimento das economias internacionais se estenderá no

– A meta para esse ano é continuar entre as cinco maiores exportadoras brasileiras e creio que, mesmo com a crise, esse cenário não mudará – ressalta.

Segundo ele, ainda não dá para dimensionar o impacto da crise, porque janeiro é um mês atípico de negócios, já que é um período de demanda mais fraca.

– Temos uma preocupação com o cenário internacional, porque pode afetar um pouco a demanda, principalmente em volumes. Mas temos boas perspectivas que podem compensar essa perda – declara.

O executivo citou a reversão do embargo russo, que vigora desde 15 de junho, o potencial de demanda da China por frangos e suínos, o início dos embarques aos Estados Unidos e uma eventual abertura de Japão e Coreia do Sul à carne suína. Em 2011, a BRF consolidou sua posição como maior exportadora de proteínas brasileira.

Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDIC), as vendas externas da companhia, somando os resultados de BRF (antiga Perdigão) e Sadia, totalizaram US$ 4,94 bilhões, aumento de 12,1% na comparação com os US$ 4,41 bilhões de 2010. O resultado colocou a empresa na quarta posição entre as maiores exportadoras do país, ficando atrás de Vale, Petrobras e Bunge Alimentos. Em 2010, no consolidado das duas empresas, a BRF estava na terceira colocação à frente da Bunge.

Questionado se os valores praticados no mercado externo atingiram seu teto, Mello afirmou que depende muito do movimento dos concorrentes.

– Confesso que hoje há pouca flexibilidade de aumentos de preços, mas em dólar tem um pouco mais. Porém, esse espaço depende muito da estratégia de nossos concorrentes. Se de repente, eles reajustarem os valores, podemos reajustar também – disse.

Rússia e China

Com relação à Rússia, a empresa conseguiu no final do ano a revogação do embargo das unidades de aves e suínos de Rio Verde (GO) e de suínos de Uberlândia (MG) e trabalha para liberar mais.

– Com a retirada do embargo dessas unidades estão fazendo um rearranjo para tentar exportarmos o máximo ao mercado – aponta.

Sobre as exportações para a China, a BRF está otimista. A empresa já fez os primeiros embarques diretos de carne suína in natura ao país e prevê aumentar a representatividade do mercado chinês nas suas vendas externas de 3% para 7% em 2015. A BRF também quer alavancar suas vendas de itens processados à China, dos atuais 5% para 20% em quatro anos.

EUA e Oriente Médio

Mello confirmou que a BRF está na primeira lista do Ministério da Agricultura para ter unidades a serem habilitadas a vender carne suína in natura e termoprocessada aos Estados Unidos.

– A abertura do mercado norte-americano terá pouca relevância de volume a serem embarcados, mas há uma habilidade estratégica. Países como Japão e Coreia do Sul, que são mercados importantes em volumes, podem seguir os Estados Unidos e também autorizar as importações da carne suína brasileira – afirma.

O vice-presidente ainda comentou que, para as vendas de carne de frango, o Oriente Médio será o destaque para o ano.

– A região está se mostrando o melhor mercado. Há os conflitos políticos, mas temos que aprender a lidar com eles – declara.
 
Novas regras argentinas

A BRF Brasil Foods não vê impactos negativos em seu negócio com o endurecimento das regras de importação do governo da Argentina.

– Hoje não é problema, porque somos uma empresa com operação local e isso se mostra como um benefício nesses momentos. Entramos no jogo lá. Podemos produzir e exportar localmente e produzir e exportar do Brasil – pontua Mello.

Questionado se foi um “tiro certeiro” entrar na Argentina ante um cenário de maiores restrições comerciais com o Brasil, Mello foi enfático.

– Tiro certeiro foi termos percebido que a Argentina é um player relevante em alimentos. Tínhamos que estar lá – conclui.

Troca de ativos com Marfrig

O vice-presidente da BRF também informou que até dia 31 desse mês o processo de due dilligence dos ativos envolvidos na troca com a Marfrig será encerrado.

– Temos muito ainda a fazer. Depois de terminada essa fase, temos que elaborar o contrato e o apresentarmos ao Cade. Apesar de constantemente entrarmos em contato com o órgão para mostrar o que já foi feito e o andamento do processo. Até meados de março queremos estar tudo pronto para começarmos a fazer as trocas e as integrações – completa.