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Burocracia e falta de investimento travam produção brasileira de peixe

Um fator limitante é o baixo consumo da proteína pelos brasileiros, em torno de 4 quilos de pescado por habitante/ano

Fonte: Codevasf/divulgação

Embora o Brasil tenha a maior reserva de água doce do planeta, ainda não conseguiu ocupar uma posição de destaque na produção de peixes no mundo. O diretor de relações governamentais da Peixe-BR, Jules Bortoli, foi o entrevistado do Direto ao Ponto deste domingo (dia 2) e, dentre outras coisas, explicou o porque deste contrassenso. 

O primeiro deles é que falta ao brasileiro a cultura do consumo desta proteína. “Historicamente, o peixe sempre foi a última escolha da dona de casa. Ela não dava muita preferência. Por não ser a primeira opção, você cria uma geração de pessoas que não criaram o hábito de comer”, reitera. Segundo a entidade, por habitante ano, o brasileiro consome em torno de 4 quilos de pescado, 3,2 kg de peixe da psicultura e 2 kg de importados. 

Para mudar este cenário, Bortoli afirma que e o objetivo é massificar a produção. “Quanto maior a produção, maior a oferta, maior o consumo. Para isso precisamos investir em genética, em pacote tecnológico de criação, de beneficiamento, artesanal, manual e isso tudo agrega custo”, explica. 

No entanto, os investimentos acabam esbarrando na burocracia e na morosidade do governo. De acordo com o diretor, é preciso que se faça uma lei capaz de simplificar o processo de autorização, além de transformá-lo em eletrônico e auto-declaratório. 

“A demanda represada é enorme. Só para ter uma ideia, a gente tem 640 mil toneladas de psicultura no Brasil. Se você pegar o que tem para ser licenciado na Secretaria de Pesca e Aquicultura, esse número pode chegar a um milhão e oitocentos mil toneladas.”

Outro ponto em desfavor para o setor, para Bortoli, foi a transferência da Secretaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o Ministério da Indústria e Comércio. Para ele, esta é uma decisão política que não agrega em nada na produção, ao contrário, só traz mais dificuldade em firmar o setor que estava começando a desenrolar.

“O Ministério da Pesca existiu por doze anos. E passou pro MAPA nos últimos dezoito meses. Nesses 18 meses foi licenciado 120 mil toneladas em águas da união. Nos outros doze anos, 153 mil. Em 18 meses, o MAPA licenciou 80% do que o Ministério da Pesca licenciou em 12 anos. Isso é um belo trabalho da equipe do ministro”, diz. 

Conquista 

O diretor também contou que tiveram uma recente conquista com a publicação da Instrução normativa que regulamenta o peixe congelado. A norma está oferecendo, além de qualidade para o produto que chega na mesa dos brasileiros, maiores chances de competitividade com o produto importado. 

De acordo com ele, antigamente, o peixe do exterior vinha até com 40% de água enxertada ou em camadas de gelo. “Vender água a preço de peixe é fazer o nosso consumidor de palhaço e jogar de maneira covarde com a aquicultura nacional”, diz. Com a IN, Bortoli espera que o mercado fique mais equilibrado. 

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