Canal Rural 15 anos: conheça a evolução da pecuária brasileira em 15 anos

Rebanho bovino cresceu 32% no período, são 51 milhões de cabeças a mais que em 1996Os 15 anos do Canal Rural, também foram 15 anos de evolução na pecuária brasileira. Um período de transformações, avanços e conquistas. Da consolidação da atividade nos mais variados campos do país, à presença garantida nas mesas dos consumidores de diversas nações. Hoje, a produção de carnes no Brasil ocupa lugar de destaque no mercado internacional. A evolução em novas práticas de manejo, melhoramento genético, avanços sanitários e barreiras comerciais marcaram o período.

Bovinos

Em uma década e meia o rebanho bovino brasileiro cresceu 32% e hoje são mais de 209,5 milhões animais, 51 milhões de cabeças de gado a mais que há 15 anos atrás. Além deste aumento houve mudanças na localização do plantel. O Centro-Oeste virou referência absoluta na pecuária, com destaque para Mato Grosso. Em 1996, o rebanho do Estado era apenas o quarto do país e agora, 85% maior, ocupa a primeira posição no ranking nacional.

A expansão no cerrado também espelha o que aconteceu em outras regiões e este desempenho só se tornou possível através do avanço conjunto de uma série de fatores. O manejo ficou mais moderno e entraram em cena as boas práticas, para garantir o bem estar animal. A alimentação ficou mais nutritiva, programas de melhoramento de pastagens e de integração com lavoura e floresta deram mais qualidade à comida do rebanho e ajudaram a tornar mais rápido o ganho de peso do gado.

Outra prática que avançou muito neste período foi o confinamento. Os especialistas dizem que o grande salto começou a acontecer a partir do início dos anos 2000, quando as exportações de carne bovina brasileira começaram a ganhar projeções cada vez maiores. Isso incentivou o investimento na engorda acelerada de animais, com o objetivo de alimentar o apetite da indústria, que não parava de crescer.

Hoje são mais 1,3 mil confinamentos espalhados pelo país, segundo a Associação Nacional de Confinadores (Assocon). Juntos eles devem garantir a engorda de mais de três milhões de animais este ano. O volume é bem superior ao que era registrado no final dos anos 90, quando algo em torno de um milhão de animais era confinados anualmente. O pecuarista Guilherme Nolasco aderiu ao sistema e não tem dúvidas de que este modelo teve papel fundamental no fortalecimento da pecuária brasileira.

Genética

Melhor alimentação, melhor manejo e melhores técnicas de nada adiantariam se a genética não acompanhasse o mesmo ritmo de desenvolvimento e neste período a evolução deste campo surpreendeu positivamente. Segundo o superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luis Antonio Josakian, esses últimos 15 anos foram muito importantes para a pecuária brasileira porque inseriram o país no mercado mundial.

? Na parte genética, na parte de melhoramento em si, a gente tem a consolidação da Diferença Esperada na Progênie (DEP) – prevê o desempenho das crias de um dado reprodutor -, das avaliações genéticas e temos as biotecnologias de reprodução. Nesses 15 anos, nós saímos da transferência de embrião para a fecundação in vitro (FIV), que elevou as fêmeas a um nível altíssimo de utilização nunca antes imaginado. Temos outras tecnologias de uso mais corrente, como inseminação artificial em tempo fixo (IATF), que também é uma tecnologia que se consolidou. Temos a clonagem, que ainda não está sendo feita em escala comercial, mas que é um avanço fantástico em termos de consciência, com aplicação da ciência ? explica Josakian.

A busca pelos animais melhoradores de plantel aqueceu e consolidou o mercado dos leilões de elite. A carne brasileira ganhou qualidade e lugar nos mercados mais exigentes do mundo. Em uma década e meia as exportações brasileiras do produto subiram mais de 700% em volume. Só no ano passado embarcamos 1,25 milhão de toneladas de carne para mais de 180 países.

Por outro lado as exigências dos compradores também ficaram maiores e a rastreabilidade se tornou condição mínima para quem quer vender para o exterior. O Brasil teve que aprimorar o sistema de defesa sanitária e identificar a principal fragilidade do país, as regiões de fronteira. Coincidência ou não, todos os últimos focos de febre aftosa registrados no Brasil aconteceram nestas áreas: Rio Grande do Sul em 1996, Mato Grosso do Sul e Paraná em 2005. A ameaça é real e custa caro. Basta um caso para que vários mercados fechem as portas para a carne brasileira. Por isso a atenção ficou redobrada nestas regiões, mas a cada dia chega-se a conclusão que apenas isso pode não ser o suficiente.

Suínos e Aves

Assim como para a pecuária bovina, os últimos 15 anos também foram importantes para a suinocultura nacional. A partir de 2000 a carne suína brasileira foi inserida na pauta de exportações, consequência do aumento significativo na produção de animais para abates. Como na carne bovina o produto por várias vezes teve os embarques suspensos por problemas sanitários. Já na avicultura o período foi de consolidação, passamos a produzir quatro milhões de toneladas, contra 500 mil toneladas anteriormente. O mercado interno consome 69% da produção. O restante vai para fora do país, onde o Brasil é líder em vendas do produto e a qualidade é o maior diferencial da carne brasileira.

Segundo o diretor de mercado da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Ricardo Santin, o Brasil cresceu mais de 10% por ano, em média. Isso porque o país apostou na sanidade, na bioseguridade, no sistema de integração e usou os seus fatores naturais de competitividade.

? Isso fez com que o Brasil ganhasse share de mercado, chegando a ser o maior exportador do mundo com 42% do comercio global. Essa sanidade nos ajudou também a passar por episódios difíceis na avicultura mundial, como a influenza aviária, a gripe aviária que deu no mundo inteiro e aqui nós não tivemos nenhum episódio. Isso nos possibilitou ser grandes fornecedores e ter a confiança dos países que precisam da carne de aves ? disse Santin.

– Confira a série de reportagens especiais em comemoração aos 15 anos do Canal Rural