Carne bovina responde por 50% da alta da alimentação no IPC-S

FGV considerou normal comportamento da carne por conta da sazonalidade desfavorável nos últimos meses de cada anoOs preços médios da carne bovina responderam por 50% da alta apresentada pelo grupo Alimentação no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da segunda quadrissemana de dezembro. O cálculo é do economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que, em entrevista à Agência Estado, considerou "normal" o comportamento da carne, por conta da sazonalidade desfavorável para o alimento nos últimos meses de cada ano.

Hoje, a FGV divulgou que o IPC-S registrou taxa de 0,72% na segunda leitura de dezembro. O resultado representou aceleração da inflação ante a taxa de 0,63% da primeira quadrissemana do mesmo mês e significou a mais forte alta do indicador desde a primeira leitura do IPC-S de setembro, quando a taxa foi de 0,74%.

A alta do grupo Alimentação passou de 0,94%, na primeira quadrissemana de dezembro, para 1,27%, na segunda medição do mesmo mês.

– A variável de maior peso foi a carne bovina, que estava com uma elevação de 3,95%, na apuração anterior, e subiu agora 5,10%. Foi a maior responsável também por boa parte da aceleração do grupo e respondeu sozinha por 25% da taxa do IPC-S – comentou Braz.

Segundo ele, não há, pelo menos no curtíssimo prazo, indicação de desaceleração nos preços da carne bovina, no âmbito do IPC-S.

– E ela deve continuar a registrar aumentos, já que o IPA [Índice de Preços ao Produtor Amplo, que compõe os Índices Gerais de Preços da FGV] está captando as variações da carne em alta superior – comentou.

Na Alimentação, Braz também destacou o comportamento do grupo Frutas, cuja alta passou de 4,12% para 4,99% entre a primeira e a segunda quadrissemanas no IPC-S. Lembrou, porém, que este segmento é bastante volátil e que, no final do ano, começa a sofrer impactos específicos do período.

– Nesta época do ano, há aqueles problemas sazonais, como as chuvas e as frutas que contam com um aumento na demanda – disse.

Transportes

Fora da Alimentação, o economista da FGV chamou a atenção para o grupo Transportes, cujo avanço passou de 0,20% para 0,43%. Segundo ele, o conjunto de preços reflete diretamente o comportamento da gasolina (alta de 0,72% ante 0,16%) e do etanol (elevação de 2,02% ante 1,96%).

Questionado se a expectativa inicial da instituição, de 0,70% para o IPC-S de dezembro, estaria ameaçada, Braz respondeu que alguns grupos, que anteriormente estavam pressionandos, tendem a ajudar a amenizar um pouco a taxa de inflação, evitando acelerações mais intensas. Ele citou como exemplo os grupos Habitação e Vestuário.

Para André Braz, além da pressão vista atualmente do grupo Alimentação, o comportamento dos preços dos Serviços continua sendo uma grande ameaça para a inflação. Ele chamou a atenção, por exemplo, para a alta nos preços do segmento de Bares e Lanchonetes, que, entre a primeira e a segunda leituras do IPC-S dezembro, passou de 0,70% para 0,91%.

– Ficaram acima da taxa do IPC-S médio – salientou.