Em um novo esclarecimento ao mercado após ser diretamente envolvida na terceira fase da operação Carne Fraca, sob acusação de fraudar laudos de carnes de frango para esconder a presença da bactéria salmonella, a BRF afirmou que a última auditoria do Ministério da Agricultura (Mapa) ocorreu em outubro e que todos os parâmetros estavam devidamente dentro das normas.
Sobre a possível irregularidade em relação ao uso do premix – composto de vitaminas, minerais e aditivos para rações animais – a companhia disse que os processos de produção seguem normas técnicas nacionais e internacionais. “As fábricas da BRF que produzem o premix são registradas e certificadas pelo Mapa conforme as Instruções Normativas IN04 e IN14. As fábricas passam por fiscalização constantemente. As informações são auditáveis por clientes, Mapa e outros órgãos fiscalizadores”, acrescentou.
Laudos
A companhia destacou ainda que os e-mails investigados, que segundo a Polícia Federal comprovam a evidência de fraude na BRF, principalmente pela troca de informações com os laboratórios contratados para fraudar os laudos, são de três anos atrás e investiga o teor das mensagens.
A denúncia contra a BRF originou-se de uma ação trabalhista movida por Adriana Marques Carvalho, ex-funcionária da companhia, com mandado de condução coercitiva na operação desta segunda, 5. Adriana moveu a ação alegando ter sofrido pressão dos seus superiores para alterar o resultado de exames feitos em alguns produtos entre 2012 e 2014.
Em sua defesa, a BRF disse que as acusações da ex-funcionária foram tomadas com seriedade pela companhia e medidas técnico-administrativas foram implementadas para aprimorar seus procedimentos internos.
“Cabe ressaltar que esse aprimoramento é um processo contínuo dentro da governança da BRF. Entre essas medidas, umas das principais foi desvincular a hierarquia das unidades produtoras sobre os laboratórios, que passaram a responder diretamente à estrutura global de qualidade”.
Na ação desta segunda-feira, a PF cumpriu 91 ordens judiciais em cinco Estados, 11 mandados de prisão temporária, 27 mandados de condução coercitiva e 53 mandados de busca e apreensão. Na operação foram presos o ex-presidente global da BRF, Pedro de Andrade Faria, e outros dez ex-executivos.