Os pequenos e médios frigoríficos brasileiros, representados em sua maioria pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), estão reduzindo as compras de bovinos para abate em função da repercussão e das incertezas em torno da operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal. Conforme o presidente da entidade, Péricles Salazar, a maior parte dos associados está “em compasso de espera” na hora de decidir sobre a aquisição de boiadas, esperando uma melhor definição sobre o que ocorrerá no mercado de carne bovina.
A Abrafrigo destaca que, embora não exista até o momento nenhuma indicação de envolvimento de abatedouros de bovinos que distribuem o produto in natura nas investigações, o setor acabou sendo o mais atingido pelas denúncias da PF. “O setor inteiro ficou sobressaltado pelo noticiário”, comentou Salazar.
O dirigente explicou, ainda, que este segmento de frigoríficos é muito dinâmico e os estoques são apenas para três dias, havendo entregas quase diárias do produto, principalmente para supermercados, que contribuem com 70% das vendas de carne in natura do país. “Todos aguardam o desenrolar da crise para definições, mas, caso se confirme a suspensão das exportações brasileiras para seus principais clientes, esta carne deverá ser desviada para o mercado interno e os prejuízos serão enormes”, comentou. “Há, ainda, a questão de como vai se comportar o mercado interno, que consome 80% da carne bovina produzida aqui.”
A Abrafrigo representa 80% das médias e pequenas empresas frigoríficas do país, com abates de até 800 bovinos por dia. A maior parte da produção é destinada ao mercado interno.