Maciez, suculência e sabor. Essas são as características que o consumidor busca na carne bovina. Mas, segundo especialistas do setor, muitos produtos ainda não seguem estes padrões. Prova disso foi um teste de analise sensorial que o público realizou durante a Beefexpo, evento de pecuária de corte que aconteceu em São Paulo nesta semana.
Durante a feira, foi possível experimentar diversos tipos de carne produzidos em diferentes sistemas. “Hoje, o consumidor deixa de comer carne bovina e opta por outras espécies, não só por causa do preço, mas sim por conta da qualidade. Ninguém fica satisfeito em chamar convidados para um churrasco, e ninguém consegue comer porque a carne está dura. Isso tem de ser evitado”, diz Sergio Pflanzer, professor de engenharia de alimentos da Unicamp.
Para esse jogo virar, é preciso que o produtor seja parceiro da indústria. Sozinho, o prejuízo é quase certo. “O consumidor gera uma demanda. Essa demanda chega para a indústria, e a indústria deve passar isso para o produtor. Não é o produtor que decide o que produzir. Isso é errado no ciclo porque depois você não tem pra quem vender essa carne. E hoje, no Brasil, infelizmente a carne vem piorando”, completa o professor.
Foco na qualidade e atenção às preferências do consumidor. Esses são os caminhos apontados para que o pecuarista consiga agregar mais valor ao produto final. Mas não é só isso. É preciso também investir em tecnologias para aumentar a produtividade e reconquistar espaço no mercado.
Em 2014, o consumo de carne bovina do brasileiro foi de 42 quilos por habitante. Em 2015, caiu para 38 quilos e, no ano passado, chegou a 36 quilos. Esses números mostram que a tendência de baixa é cada vez maior.
“Esse é o desafio. A pecuária tem diferenças, desníveis tecnológicos entre 3 e 60 arrobas por hectare. Então o produtor tem que fazer esforço para aumentar a sua produtividade, a integração lavoura e pecuária e outros mecanismos para que continue ganhando dinheiro no negócio”, diz o consultor e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Ivan Wedekin.
“Hoje quem trabalha tentando vender produtividade para o produtor é só a indústria. O distribuidor não faz isso de maneira adequada, o varejo não faz isso de maneira adequada, os técnicos, os veterinários, as consultorias são muito pequenas. Então precisa de uma profissionalização da cadeia como um todo. A indústria tenta fazer, mas não consegue”, afirma Vasco Oliveira, fundador da BeefExpo.