O Brasil suspendeu a importação de carne suína in natura ou pouco processada da Alemanha. A informação foi dada com exclusividade ao Canal Rural nesta segunda-feira, 14, pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal. A decisão foi tomada por precaução após o país europeu confirmar um caso de peste suína africana em um javali morto.
“Por enquanto, os produtos de risco não serão mais importados para o Brasil, sendo eles carne suína in natura ou que tenha pouco processamento”, disse. “Outros produtos que são usados na indústria continuarão sendo importados, porque passam por um tratamento tanto lá na Alemanha, como aqui”, afirmou.
Leal afirma que o governo brasileiro pediu mais detalhes às autoridades sanitárias do país europeu. “Eles vão ter que explicar como está a biossegurança das unidades industriais, para que a gente possa avaliar a retirada da suspensão”, disse.
China suspende importações da Alemanha; Brasil pode ser favorecido?
Segundo a Reuters, a China também suspendeu a importação de carne suína da Alemanha no sábado, 12. A Alemanha é o terceiro maior fornecedor da proteína suína aos chineses, e os embarques movimentam, em média, 1 bilhão de euros por ano.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avalia que pode ocorrer um redirecionamento temporário da demanda dos países importadores de carne suína da Alemanha para nações sem registros da enfermidade, como é o caso do Brasil.
O presidente da entidade, Ricardo Santin, afirmou em entrevista ao Canal Rural, na sexta-feira, que o Brasil tem capacidade de atender ao aumento da demanda externa sem prejudicar o cenário doméstico. “O Brasil é o quarto maior exportador mundial (de carne suína). Nos primeiros oito meses do ano, as exportações aumentaram 44% em volume. Mas, não diminuíram as disponibilidades do mercado interno. Então, o Brasil tem condições, sim, se for chamado, de aumentar um pouco mais a sua produção, sem prejudicar nosso mercado interno”, analisa.
Por fim, o presidente da ABPA destaca o exemplo brasileiro em sanidade. “O governo reforçou nossas fronteiras, os aeroportos e está trabalhando mais ainda para reforçar os trabalhos de prevenção. Acima de tudo, temos que cuidar para que nenhuma pessoa estranha ao rebanho tenha contato direto com os animais. Temos que minimizar os riscos. E temos condições de manter doença longe do nosso plantel”, conclui.
O caso
Na quarta-feira, 9, a Alemanha anunciou que havia um caso suspeito. O Laboratório Estadual Berlin-Brandenburg suspeitou de uma carcaça de javali que foi encontrada a poucos quilômetros da fronteira com a Polônia, no distrito de Spree-Neisse. A confirmação veio na quinta.
No Twitter, o ministério ressaltou que a doença não é contagiosa para humanos e que o consumo de carne de porco é seguro.
Die #AfrikanischeSchweinepest ist bei einem #Wildschwein in Brandenburg nachgewiesen worden.
Für Menschen besteht keine Gefahr!
Schweinefleisch u. Wurstwaren vom Schwein können bedenkenlos weiter verzehrt werden.
Infos im #ASP-Film u. in unseren FAQs ⇨ https://t.co/VGaQzZ30eo pic.twitter.com/SjNcaP2bru
— BMEL 🇪🇺 #EU2020DE (@bmel) September 10, 2020
Segundo o governo alemão, a peste suína africana é uma infecção viral grave que afeta apenas porcos domésticos e javalis. A doença animal tem se espalhado especialmente nos países do leste europeu desde 2014.