A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforçou nesta quarta-feira, dia 14, em nota, sua “total confiança” nas ações do Ministério da Agricultura em relação aos esclarecimentos que o governo deverá prestar a autoridades da União Europeia (UE) sobre as carnes brasileiras. A ABPA acrescentou que, como representante da cadeia produtiva nacional, está apoiando a pasta com informações necessárias para responder aos questionamentos apresentados pela Comissão Europeia.
A ABPA também ressaltou, na nota, que é preciso esclarecer que a proporção de “desvios biológicos notificados” segue “padrões normais e considerados aceitáveis pelos diversos produtores avícolas mundiais, como é o caso da própria União Europeia”. E, “neste sentido, assim como o Bloco Europeu, o setor de proteína animal do Brasil atua com total dedicação à qualidade de seus produtos, como também pela preservação de seu status sanitário – sendo o único grande produtor mundial a nunca registrar casos de influenza aviária e outras enfermidades, o que é um diferencial no mercado internacional”, comentou a entidade.
Ministério da Agricultura
O secretário-executivo e ministro interino da Agricultura, Eumar Novacki, afirmou nesta quarta-feira, dia 14, que recebeu com estranheza a carta enviada pelo comissário da UE cobrando ações do governo brasileiro para garantir qualidade das carnes exportadas para o bloco. Novacki disse que o documento traz comentários adicionais aos que já foram apresentados no relatório de inspeção feito pela missão técnica europeia que visitou o Brasil em maio.
O relatório foi entregue à pasta há 30 dias e está sendo respondido pontualmente e com total transparência, segundo o secretaário. Ele ponderou que todos os questionamentos serão respondidos e que o Brasil está apresentando um plano de ação aos europeus.
Novacki afirmou ainda que entende as pressões sofridas pela comunidade europeia, onde muitos países são concorrentes diretos do Brasil na produção de carnes. Mas acrescentou que o sistema de inspeção nacional é robusto e atestado por mais 150 países importadores.
Entenda o caso
Conforme revelou o jornal “O Estado de S. Paulo” na segunda-feira, dia 12, a Comissão Europeia enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, deixando claro sua preocupação após auditoria realizada em maio em fazendas e frigoríficos brasileiros. A missão foi enviada em seguida à eclosão da operação Carne Fraca, em março, revelando corrupção envolvendo fiscais. “Como o resultado da auditoria não foi considerado satisfatório, a comissão indicou que novas ações eram necessárias por parte das autoridades brasileiras”, disse a UE, acrescentando que mesmo após a Carne Fraca, o governo brasileiro não implementou o prometido (em relação a controles sanitários mais rigorosos).
A auditoria descobriu mais de cem casos de contaminação da carne brasileira e Bruxelas ameaça, agora, impor novas restrições aos produtos. Entre elas, a Europa quer agora que o Brasil interrompa toda a exportação de carne de cavalo para o continente. Também exige que nenhuma nova empresa solicite entrar na lista de exportadores de frango ou carne bovina. Das empresas que ainda têm o direito de vender, a Europa vai exigir testes microbianos em 100% das exportações. Todos os contêineres terão de ser acompanhados por certificados de saúde antes mesmo de deixar o Brasil.