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Pecuária

Caso atípico de vaca louca: embargo agora é 'apenas' questão política, diz analista

A Tailândia, o Irã e a Jordânia suspenderam temporariamente as compras de carne bovina do Brasil, mas impacto é 'insignificante'

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta quinta-feira (3) que o caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), chamada de ‘vaca louca’, no Pará foi atípico.

O resultado, confirmado por um laboratório no Canadá já era esperado.

Segundo Hyberville Neto, consultor e diretor da HN Agro, a confirmação encerra a questão do ponto de vista de sanidade, o que é positivo para a indústria de carne bovina do Brasil.

Agora, a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) deve oficializar em nota, ratificando o status brasileiro como de risco insignificante para EEB, e a questão segue “apenas” como política e/ou comercial.

No entanto, o Brasil ainda enfrenta repercussões no mercado internacional. A Tailândia, o Irã e a Jordânia suspenderam temporariamente as compras de carne bovina brasileira em decorrência do caso.

Embora esses três destinos tenham comprado muito pouco em 2022, somando cerca de 0,7% das exportações brasileiras de carne bovina in natura, o equivalente a 13,4 mil toneladas, a suspensão é significativa.

Além disso, a Rússia também suspendeu as compras de carne do Pará, estado que embarcou 511 toneladas de carne bovina in natura para o destino no ano passado.

“Considerando toda a carne enviada à Rússia, o país comprou o equivalente a 1,9% das exportações brasileiras de carne in natura. Cabe destacar que apenas o Pará está com os embarques suspensos e sua participação em 2022 foi de 1,3% nos embarques totais do Brasil ao país”, escreve o consultor.

Na avaliação do Hyberville Neto, é evidente que um cenário sem suspensões seria o ideal.

“Mas atualmente, exceto pelas vendas certificadas para a China, a produção suspensa a partir de 23 de fevereiro, os demais países não representam um volume significativo. Devemos ficar atentos para possíveis suspensões temporárias adicionais, mas, acima de tudo, acompanhar as negociações para a liberação dos embarques para a China. Espera-se uma rápida retomada das vendas para esse mercado”.

Autoridades do Ministério da Agricultura e Pecuária mencionaram a possibilidade de liberação em março, o que poderia gerar um impulso importante para o mercado do boi gordo.

“A suspensão dos embarques para a China resultou em um declínio significativo no ritmo de negócios, com compradores cautelosos e vendedores retendo gado. Esse cenário levou a uma redução significativa nas escalas de abate em todo o país, mesmo em regiões onde a oferta de fêmeas era mais confortável (mais ao norte). É importante lembrar que este ano teremos uma oferta maior de vacas e novilhas, devido aos preços pouco atrativos da reposição (ciclo pecuário)”.

“Com a resolução dessa questão de suspensão, as perspectivas são promissoras para os embarques de carne do Brasil no mercado internacional, o que deve ajudar a escoar a oferta maior de carne proveniente do abate de fêmeas”.

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