Chuva em MG dificulta escoamento da produção de leite

Nesta época, fica difícil até mesmo chegar às propriedadesAs chuvas estão castigando Estados como Minas Gerais. Mais de 59 municípios decretaram situação de emergência. Nas áreas rurais, a dificuldade maior é o acesso para as propriedades.

O excesso de chuva tem reflexos na produção de leite. Túlio Andrade Monteiro de Barros, gerente industrial de um laticínio em Boa Esperança, faz a programação de coleta. Nesta época, fica difícil até mesmo chegar às propriedades.

? Hoje pra você ter uma ideia, com esta chuva, estamos com seis a sete caminhões atolados, nas estradas municipais, onde não conseguimos ter acesso nas propriedades rurais, não conseguimos chegar até o tanque para fazer a coleta a granel. Com isso, o leite fica de dois três a quatro dias no tanque de resfriamento. Isso prejudica também a qualidade do leite ? diz Barros.

Entre uma chuva e outra, se comprova o Estado das estradas no interior do município de Coqueiral. É a realidade dos produtores que precisam escoar a produção. A região, que envolve 35 municípios, movimenta mais de um milhão de litros de leite por dia. O produtor Rander Faria tem um terreno acidentado e otimiza ao máximo a pecuária de leite. Com 20 vacas, produz 440 litros por dia. Vai receber pela última entrega R$ 0,69 pelo litro de leite. Ele reclama que os laticínios valorizam mais quantidade do que qualidade.

? Eu produtor invisto na qualidade e a gente sofre uma penalidade por parte dos laticínios. Não sou valorizado como outros produtores que têm maior volume de leite. Tinha que valorizar os produtores de maneira igual, prezar pela qualidade ? defende Faria.

Em outra fazenda, o criador Leandro Vilela entrega 1,5 mil litros de leite por dia. São 70 vacas em lactação. Com este volume, ele conseguiu em 2010 uma média de R$ 0,83 pelo litro. A preocupação do produtor é com os custos de produção que vêm aumentando.

? O item que mais subiu na nossa visão foi o milho, que em abril de 2010 estava na casa dos R$ 16 e hoje a gente tem que pagar R$ 31, e o leite não subiu e nem tem previsão de subir nos próximos meses ? avalia Vilela.

As cooperativas estão se reestruturando quando se fala em leite os investimento no setor estão focados na redução de custo e na busca por novos nichos de mercado.

Um exemplo é neste laticínio da cooperativa agropecuária de Boa esperança.  Nos últimos três anos, a produção pulou de 110 mil para 240 mil litros de leite por dia.
Uma máquina importada da Finlândia vai entrar em atividade no mês que vem para embalar leite UHT, o longa vida. O investimento de R$ 3 milhões vai garantir uma redução no preço final para o consumidor de 12% e melhorar a renda dos produtores da região.

? Hoje, 80% do leite que é coletado na região vai para São Paulo para ser industrializado lá. Gera emprego lá e não aqui. E este leite que nós vamos lançar aqui tem  a redução no custo da embalagem que vai ficar bom de preço para o consumidor ? diz o gerente de laticínio Elder Alexandre Costa.