Concentração de frigoríficos preocupa setor produtivo
Segundo especialistas, algumas medidas podem minimizar as consequências deste cenário
A concentração nos frigoríficos preocupa o setor produtivo. O assunto foi discutido nesta quinta, dia 7, em São Paulo, na reunião da Câmara Setorial da Carne Bovina. Um dos problemas é a falta de cumprimento dos acordos por parte dos frigoríficos que estão em recuperação judicial, o que causa prejuízos aos pecuaristas. Porém, segundo especialistas, algumas medidas podem minimizar as consequências deste cenário.
Representantes de vários setores da carne bovina se reuniram para avaliar, entre outros assuntos, a crise no setor. Na semana passada, o frigorífico Mataboi anunciou recuperação judicial. O processo é uma saída para a empresa se reestruturar. O grupo acumula dívidas no valor de R$ 360 milhões com fornecedores e bancos. Outras companhias, como Frigol e Independência, também passam por este processo.
Também os produtores reclamam da alta concentração do mercado brasileiro. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), das 183 plantas frigoríficas com serviço de inspeção federal que existem no país, 71 estão concentradas nas mãos das três maiores empresas. Para o presidente da Câmara Setorial da Carne Bovina, Alfredo Ferreira Neves Filho, a situação é preocupante.
? O pecuarista caindo na mão dessas três empresas, deste porte, vai ficar difícil da gente negociar com eles. Grande parte dessas empresas tem as benesses do governo e isso não pode acontecer, porque o produtor quando vai à procura de recursos federais, enfrentam dificuldades ? diz o dirigente.
O pesquisador do Cepea Thiago de Carvalho avalia que os problemas que levaram à crise dos frigoríficos ainda persistem, como a falta de capital de giro nas empresas e a falta de matéria-prima. Segundo ele, a ajuda do governo não pode ser dada apenas aos grandes grupos.
? O frigorífico hoje, na economia atual, assim como qualquer outro segmento, busca união de grupos para sobreviver, para garantir margem e quantidade e para ter essa garantia tem que aumentar o volume de vendas e é isso que vem acontecendo com os frigoríficos nacionais ? explica Carvalho.
O diretor do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes, acredita que algumas medidas poderiam auxiliar os pecuaristas na hora de vender a produção.
? Nós temos que lutar para que os produtores tenham financiamento, assegure ao frigorífico um financiamento para que ele pague o bovino 30 ou 40 dias depois, uma linha de crédito importante que o País tem que criar. Eu acho que com isso, nós vamos resolvendo grandes gargalos do sistema e o criador tem também que se organizar mais. O produtor tem que entrar um pouco mais no segmento de produção integrada ou administrada por ele ou em parcerias com frigoríficos ? defende Guedes.