Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Concentração no setor de carnes divide opiniões na cadeia produtiva

Assunto foi discutido no evento A Concentração na Indústria de Carnes - Consequências e Desafios, em São PauloA concentração no setor de carnes, que teve seu movimento mais intenso nos últimos dois anos com a crise econômica mundial, divide opiniões na cadeia produtiva do segmento.

? A concentração mostra a potência da força do nosso país no setor. Mas tem que haver equilíbrio nesse movimento para haver a proteção ao produtor rural ? afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, no evento “A Concentração na Indústria de Carnes – Consequências e Desafios”, promovido nesta quinta, dia 14, pela entidade em sua sede em São Paulo.

Segundo o coordenador de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, que representou a entidade no evento, embora houvesse um movimento intenso de fusões e aquisições no setor nos últimos anos, os 10 maiores frigoríficos do país detêm 30% do mercado nacional de abate.

? Além disso, 50% dos abates no Brasil ainda ocorrem de forma informal ? disse Sampaio.

? Mas não adianta nada uma indústria ter, por exemplo, 20% a 30% do mercado nacional, se em um único Estado é responsável por 100% dos abates ? rebateu Ramalho da Silva.

O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Manoel Caixeta Haun, reconhece que a concentração traz alguns benefícios para o setor, mas ao mesmo tempo defende o cuidado com o produtor.

? A concentração é favorável dentro do limite que não interfira e prejudique a negociação entre produtor e frigorífico. Há a necessidade de se buscar o mercado externo para a carne brasileira – o que abre caminho para o produtor acessar esse ‘novo’ cliente – mas sem reprimir o mercado interno ? disse.

Para ele, além da concentração, outro fator de preocupação nos últimos anos é o movimento intenso de recuperação judicial das empresas do setor.

? A lei de recuperação judicial não pode acontecer somente para benefício da empresa e sim da cadeia produtiva. Tem frigorífico que pediu recuperação judicial e conseguiu renegociar a dívida com fornecedores em 20 anos, o que é ruim. Tem que ter uma interferência do governo na atividade produtiva, para que ninguém saia no prejuízo ? disse, citando o caso do frigorífico Independência, em recuperação judicial desde maio de 2009.

? O Independência deixou mais de R$ 70 milhões em débitos com credores fornecedores e só em Goiás há um produtor que tem R$ 8 milhões remanescentes para receber ? declarou.

Já para o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-GO), Antônio Flávio Camilo de Lima, falta uma atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no apoio à expansão das pequenas e médias companhias do setor.

? O que tem que ser questionado é se o BNDES tem emprestado dinheiro para quem pratica sonegação fiscal e não tem financiado os pequenos e médios para sobreviverem nesse mercado ? falou.

A regulação de contratos agroindustriais foi uma das soluções apresentadas pelo advogado de direito civil e agrário da Campos Scaff Advogados, Fernando Campos Scaff, como um mecanismo de proteção ao produtor na consolidação do setor.

? Com a concentração, a tendência é que haja o acirramento da desigualdade da relação produtor/indústria, onde o produtor é a parte mais fraca e a empresa, a mais forte. Para isso não ocorrer, precisamos regular e tipificar os contratos agroindustriais? sugeriu.

Já para a professora da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, Sylvia Saes, a concentração está presente hoje em todos os segmentos da economia brasileira: financeiro, transportes, entre outros.

? De certa forma, com todos as suas consequências e desafios, a concentração dos frigoríficos tem profissionalizado o setor, que ainda carece de evoluir tecnologicamente e em suas atividades de gestão ? apontou.

Sair da versão mobile