– O confinamento deve crescer. Até em função de que a cada ano a oferta é menor de pastagens para este gado extensivo que não temos. A cana, soja, milho invadem áreas de pastagens a cada ano. Então, o confinamento, para ser o caminho natural do Brasil, tem que trabalhar contratos futuros, proteção de preços na Bolsa de Valores, estratégia de compra de insumos mais agressiva ao longo de cada ano comercial – avalia o analista Paulo Molinari.
O presidente da Assocon, Eduardo Moura, é ainda mais otimista.
– O Brasil deixou de ser um exportador de carne barata e vai ter uma exigência de exportar com mais qualidade. Além disso, nosso gado é mais novo. O Brasil já abate animais mais novos. Há ano a ano o avanço da agricultura em áreas de pastagens, isto força também o crescimento do confinamento. Nós temos tido uma deterioração das nossas pastagens. Muitas são antigas e algumas regiões têm cigarrinha, morte súbita do capim, seca forte, criando problema para engorda no pasto. A somatória dos fatores vai levar a um crescimento, apesar de os custos não estarem estimulantes, maior do que 3% ou 5%, na minha visão – argumenta.
De olho neste mercado, a indústria de suplementos alimentares pega carona no crescimento da cadeia produtiva. Os suplementos à base de vitaminas, minerais e nutrientes complementam a dieta e potencializam o ganho de peso do animal, de acordo com o diretor comercial da Premix, Márcio Guidolin.
– É uma aposta. Vai crescer bastante ao longo dos anos e, junto com isso, a suplementação vem crescendo na mesma proporção. Hoje nós encontramos um cenário de profissionalização da pecuária. A necessidade do confinamento vai se tornando cada vez maior, para conseguir fechar o ciclo, principalmente no período de seca. Junto com isso, o cenário para suplementação é muito bom – aponta.
O produtor Alberto Pessina diz ter começado a utilizar o sistema em 1995. Atualmente, confina seis mil animais por ano. Com a estiagem que atingiu diversas regiões do país, foi necessário segurar o rebanho por mais tempo do que o habitual.
– Eu nunca tive que segurar animais no confinamento por período tão longo sem conseguir soltar. Choveu 50% menos do que deveria – relata.
Ele acrescenta que a prática exige investimento em estrutura e tecnologia.
– Conforme vai aumentando o grau de tecnificação, terá uma boa gestão administrativa do negócio, tanto na parte de compra, de insumos, avaliação de mercado, compras. Se não tem a cria, é obrigado a comprar, saber comprar bem, o momento de comprar, vender, montar esta operação, de modo que obtenha um resultado interessante – explica.
O confinamento é prática utilizada em grande escala em países como os Estados Unidos. No país, 90% do total de abates são de animais confinados. O Brasil, por sua vez, mesmo com o entusiasmo dos produtores, ainda está longe desta realidade. Representantes do setor apontam que o valor do boi magro e o alto custo da ração, em função do preço do milho, são fatores agravantes.