A lida no galpão começa cedo em Estância Velha, município da Região Metropolitana de Porto Alegre. Em fila, lá vem as vacas para a ordenha. Os animais se tornaram o amor da Rafaela Jacobs, que escolheu essa rotina que não para. Ela largou a vida como enfermeira e a cidade grande para viver no campo e do campo. E não se arrepende disso.
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“Não tive convívio na minha infância com a zona rural, mas era uma coisa que estava dentro de mim. Uni o útil ao agradável. Conheci meu esposo, um médico-veterinário, que sempre teve adoração e esse convívio com o campo”, conta Rafaela à reportagem do Canal Rural.
Hoje, atuando profissionalmente na pecuária leiteira ao lado do marido, a produtora explica que, inicialmente, entrou para área mais como um lazer. “Quando a gente casou, eu tive a oportunidade de morar na zona rural. Tínhamos vacas de leite, mas era mais para hobby. Nós tínhamos duas vaquinhas para o nosso consumo e, com isso, começou a nascer a vontade de se dedicar mais.”
De enfermeira a produtora de queijos e iogurtes
Atualmente, a propriedade de Rafaela tem 46 vacas e apenas 11 em lactação. Pode parecer pouco, mas é o suficiente para realizar um sonho bastante antigo. Na fazenda dela e do marido, a produção de leite começou há 23 anos e ainda sendo pequena, já são cerca de 200 litros por dia. Por isso, há uma década foi criada uma agroindústria para beneficiar todo o leite da propriedade e, assim, agregar valor aos produtos.
“Fui me especializando, correndo atrás de cursos que me deram” — Rafaela Jacobs
“Comecei brincando de fazer queijos, iogurtes, de maneira bem caseira. Com isso, fui me especializando, correndo atrás de cursos que me deram vontade e oportunidade de aprender mais”, destaca a pecuarista que, antes, trabalhava como enfermeira. No local, tudo é feito no detalhe, no cuidado, de forma artesanal. A propriedade conta com uma variedade de queijos e iogurtes com polpa de fruta que seguem para a merenda escolar e são vendidos em feiras. A mão de obra é toda familiar.
Rafaela destaca que até a filha atua na produção de leite, queijos e iogurtes. “Manejo com as vacas, alimentação, ordenha… A gente cuida da parte de inseminação também, tanto eu quanto minha filha e meu esposo, nós três somos inseminadores. Com isso, eu assumo totalmente a parte de gestão. O meu esposo já cuida mais da parte de manejo de campo, pois, para produzirem leite, as vacas precisam ser muito bem alimentadas.”
Pecuária leiteira e turismo rural
No entanto, por vezes, a tarefa de manejo também é de responsabilidade de Rafaela. E a vida rural nem sempre é fácil não, admite. Tem que reunir as vacas no pasto e, quando elas fogem, tem que dar uma corridinha para juntar o rebanho de novo. Ao longo dos anos, investimentos no melhoramento dos animais foram feitos, conta a mulher que, anteriormente, trabalhava como enfermeira.
A fazenda da família de Rafaela Jacobs é uma das poucas propriedades do Rio Grande do Sul que trabalha com gado jersey — e ao longo dos anos o trabalho tem focado no melhoramento genético. Na propriedade, 80% das vacas já são a2a2, o que significa que elas produzem leite a2 que facilita uma melhor digestão.
“Na parte de inseminação, a gente procura fazer focada em bovinocultura de leite. Trabalhamos com a raça jersey, que são extremamente dóceis e, digamos, que uma contribui com a outra. E existe uma troca. Troca de carinho, de afeto, de respeitar elas, respeitar a natureza”, conta Rafaela.
Além do rebanho e da agroindústria, a propriedade inaugurou recentemente o serviço de turismo rural, que se dá também com a ex-enfermeira no comando. Dá para tomar um café e apreciar as paisagens, as vacas e conhecer de perto esse trabalho que tem um toque feminino. “Eu me sinto valorizada. Gosto muito disso porque acho que a gente é um exemplo para as demais mulheres e isso é um fortalecimento para a família. Eu tenho orgulho do que faço”, complementa a orgulhosa Rafaela Jacobs.
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