– Teve churrasquinho nas festas de final de ano, claro. E o próximo vai ser depois do réveillon – diz o autônomo José Roberto de Oliveira.
Já a dona de casa Regina Paulelli aposta em cortes nobres.
– Estou levando filé mignon, por enquanto. Vou fazer com manteiga e cebola no forno. O pessoal gosta – comenta.
O presidente da Associação Paulista de Supermercados, Martinho Paiva Moreira, aponta que a tradição do brasileiro de não consumir carne de aves durante a comemoração de Ano Novo também é fator determinante para o aumento no consumo do produto bovino.
– Os consumidores, principalmente das classes C e D, têm tornado hábito as pequenas comemorações. O churrasco é o líder nestas festas e confraternizações. Isso faz com que o consumo de carne aumente e no final de ano as famílias acabam comemorando a virada com churrasco. Há uma expectativa por parte dos frigoríficos de aumento da demanda. Com isso, os preços sobem na primeira e na segunda semana de dezembro. E permanecem elevados até o final da primeira quinzena de janeiro – pontua.
O empresário Adriano Gabriel afirma que em sua loja de carnes as vendas aumentaram em média 10% em relação a novembro. E acrescenta que a expectativa é boa, pelo menos até o carnaval.
– Hoje o brasileiro está exigente, faz questão de uma picanha macia, saborosa. E o consumo aumenta bastante, consideravelmente. A gente tem um aumento do ano passado para este ano de 10% do consumo de carne bovina, aves, suínos. A gente acredita em mais 5%, 10% até depois do Carnaval – opina.
Apesar do crescimento do consumo, a produção de carne foi quase 3% menor do que no ano passado, chegando a pouco mais de nove milhões de toneladas. Já o número de abates, quase 40 milhões de cabeças, foi 0,5% maior do que no ano passado, segundo o analista Maurício Nogueira.
– O número de cabeças aumentou, mas estes animais passaram o ano todo sendo abatidos com o peso mais leve do que no ano anterior. Mesmo os machos estavam com a carcaça um pouco mais leve. Além disso, tivemos uma proporção muito maior de fêmeas abatidas em 2011 e a fêmea é mais leve. Então, apesar de ter aumentado o número de cabeças abatidas, a produção foi menor – analisa.
Para 2012, Nogueira acredita em um preço melhor do boi gordo. Porém, ele alerta para os custos de produção.
– Se não tiver frustração de safra agrícola, é provável que os custos não subam tanto quanto os valores. Nós temos uma reação de preços esperada, a oferta deve continuar reduzindo. Um consumidor com salário mais alto já a partir de janeiro, uma economia, um trabalhador com mais dinheiro e nossa pecuária se reestruturando – aponta.