– A sensação é de dever cumprido – comentou o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
Em mais um ano consecutivo a suinocultura brasileira teve no mercado doméstico a sua principal base de sustentação. Ao longo do ano, o brasileiro aumentou seu consumo de carne suína em mais 0,5 quilos per capita, crescimento que no ano passado chegou a 1 quilo. Por um longo período, o consumo per capita permaneceu estagnado, aumentando apenas de acordo com o crescimento da população.
– Agora, o aumento é real – comenta a coordenadora nacional do PNDS, Lívia Machado, ressaltando que atual força do mercado interno, se comprova pelos volumes exportados de carne suína, que teve nos últimos anos valores inferiores que 2009.
– Foi mais vantajoso à indústria colocar aqui o seu produto do que direcioná-lo ao mercado internacional. Este movimento é resultado da demanda interna aquecida, gerada pela melhoria de renda da população brasileira, atrelada a um real supervalorizado em relação ao dólar, o que desestimula os embarques – explicou o diretor-executivo da ABCS, Fabiano Coser.
O maior preço da carne bovina nas gôndolas dos supermercados assustou os seus tradicionais consumidores, que migraram principalmente para os produtos suínos in natura e processados em 2010. Já neste ano, a carne bovina permaneceu em patamares aceitáveis para o consumidor, que mesmo assim deu preferência à carne suína. Ainda longe de ser a proteína mais consumida no país, é fato que a carne suína está mais presente na mesa do brasileiro.
– O mercado doméstico foi o responsável pela absorção do aumento de 180 mil toneladas que ocorreu na produção de suínos em 2011. Em 2012 teremos um aumento na exportação, mas o mercado interno continuará sendo o grande mercado para a carne suína – informou o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto.
A entidade divulgou ainda números sobre crescimento da produção e abate.
– Neste ano a produção de carne suína apresentou aumento de 4,9% em relação 2010, passando 3,24 milhões de toneladas para 3,5 milhões. Já o abate de suínos teve ampliação de 5,5%, saltando de 34,3 milhões de cabeças para 36,2 milhões – informou o diretor de mercado interno da Abipecs, Jurandi Machado.
Ainda segundo o diretor, o mercado interno absorveu 84,7% da oferta neste ano, valor 1,7% maior que em 2012.
Devido ao fechamento de mercado russo no início deste ano a disponibilidade de carne suína no mercado brasileiro aumentou em 6,7%. Até novembro o país exportou 479,484 toneladas e de acordo com Pedro Camargo, deve encerrar o ano com 520 mil toneladas exportadas. O destaque de 2011 foram as vendas para Hong Kong, que cresceram 23%, tornando o país o segundo destino da carne suína brasileira, quase encostando nas exportações para a Rússia.
PNDS
– Esse cenário favorável da suinocultura brasileira não poderia ser alcançado sem a atuação do PNDS no setor – comentou o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.
Ao longo de dois anos, o Projeto realizou mais de 280 ações, registrou aumentos de 20% a 90% nas vendas de cortes suínos e através do trabalho realizado pelas afiliadas da ABCS, mais de um milhão de pessoas foram sensibilizadas por meio de informações sobre a saudabilidade da carne suína, sua importância para a saúde humana e suas diversas opções de consumo. Além disso, cerca de 13 mil profissionais foram capacitados de forma direta em treinamentos de cortes, oficinas gastronômicas, palestras para médicos e em universidades. Nessa fatia de capacitações mais de 2 mil produtores do Brasil receberam treinamento para melhoria de gestão e mão de obra, além de consultorias técnicas e de inovação realizada nas granjas.
Iniciativas voltadas para a produção marcaram o ano de 2011, como o Manual de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos, lançado em 13 Estados pela ABCS com o objetivo de orientar os produtores nos padrões operacionais e gerencial das granjas, além da parceria com o Senar Nacional para a criação de sete cursos modulares para as colaboradores e gerentes de granjas, aplicados gratuitamente por meio do Senar estaduais desde outubro desse ano.
– Centenas de suinocultores, empresas do setor, autoridades e lideranças acreditaram na revolução que o PNDS traria para a cadeia suinícola. Associações filiadas a ABCS, Sebraes e federações estaduais se lançaram nesse desafio. Juntos trabalharam, ousaram e hoje veem essa meta histórica no Brasil se concretizar. Nossa expectativa é multiplicar os trabalhos, expandindo o número de produtores e profissionais capacitados, de ações realizadas para que no próximo ano seja possível atingir resultados ainda mais significativos – encerrou Lívia Machado.