Conversa de Curral aborda taxa de lotação de pastagem

Novo quadro do Jornal da Pecuára debate o assunto com o zootecnista Dawson José GuimarãesSegundo especialistas, para medir a eficiência na pecuária, é preciso saber quantos animais estão se alimentando em uma determinada área. O quadro Conversa de Curral, do Jornal da Pecuária, debateu com o zootecnista e professor, Dawson José Guimarães, o assunto.

Você já deve ter ouvido dizer que as pastagens do Brasil são subutilizadas, ou seja, o pecuarista alimenta menos animais do que poderia em uma determinada área. Para a zootecnia isso se chama taxa de lotação, que é medida por Unidade Animal (UA), por hectare.

Jornal da Pecuária: Unidade Animal (UA) por hectare e cabeça por hectare é a mesma coisa?

Guimarães: Não, a gente pode expressar a taxa de lotação dessas duas formas, contudo o parâmetro mais correto é UA por hectare, que a gente consegue padronizar as unidade de consumo. Uma UA corresponde a um animal de 450 quilos. Se eu tenho uma vaca que pesa 450, ela representa uma UA. Da mesma forma se eu tenho três animais de 150 quilos, também tem uma carga animal de 450 quilos que corresponde a uma UA.

Jornal da Pecuária: O IBGE fala em um UA por hectare. Isso é muito baixo?

Guimarães: Essa taxa de lotação média brasileira está muito aquém do potencial produtivos das nossas gramíneas, que se bem manejadas, adubadas, irrigadas, pode chegar até 14, 15, 18 UA por hectare.

Jornal da Pecuária: E sem ser irrigada chega até quanto?

Guimarães: No verão, seis, sete UA dá para a gente trabalhar bem.

Jornal da Pecuária: Faz diferença o tipo de capim?

Guimarães: Sim, a taxa de lotação é muito variada de acordo com a espécie e com a adubação nitrogenada. As forrageiras respondem bem, principalmente, à adubação nitrogenada. Quanto mais nitrogênio se põe, mais produtivas  se tornam. As braquiárias tão perto de cinco, seis UA por hectare, e os panicus, que são o mombaça, tanzânia, ou os sinidon, que é o  tífton, podem chegar acima de 15 UA por hectare.

Jornal da Pecuária: Temos uma dúvida do telespectador Daniel Sarzi, do município de Faxinal do Soturno, no Rio Grande do Sul. Ele diz que tem 20 hectares, divididos em sete hectares de braquiária MG5 e 13 de campo nativo, com água abundância. Ele quer saber quantos animais de oito meses, com aproximadamente 180 quilos, ele pode colocar nessa área para passar de dezembro até maio. Dá para responder sem saber como está a pastagem dele?

Guimarães: Ele me forneceu um dado, que é a demanda, quanto de forragem que ele precisa. Para dar esse número, eu precisaria saber quanto de forragem ele tem. Mas dentro da média, dá pra colocar uns 50, 60 animais nessa área.

Jornal da Pecuária: O pecuarista que consegue colocar dois UA por hectare pode comemorar?

Guimarães: Pode comemorar porque está bem acima da média brasileira, mas na verdade para saber se pode comemorar mesmo ou não, o índice que a gente usa para saber a viabilidade econômica é o ganho por área, que é o resultado da multiplicação da taxa de lotação pelo ganho individual.

Clique aqui para ver o vídeo