O aumento do limite de crédito de custeio para retenção de matrizes suínas deve auxiliar os suinocultores que passam por crise financeira desde o início deste ano, avaliaram representantes do setor. O aumento dos custos de produção, em especial com a elevação do preço do milho no mercado doméstico, reduziu a rentabilidade e agora suinocultores brasileiros trabalham no vermelho nas principais regiões produtoras. Na segunda-feira, dia 11, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou que vai dobrar o limite de crédito de custeio para a retenção de matrizes suínas, de R$ 1,2 milhão para R$ 2,4 milhões.
De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os limites da linha de crédito devem ser suficientes para auxiliar até 80% dos suinocultores independentes e unidades produtores de leitões (UPL). A contratação do crédito poderá ser realizada pelos produtores até o dia 30 de junho deste ano e o reembolso ocorrerá em até dois anos.
Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, o setor busca neste momento ações para amenizar os efeitos da crise, causada pelo avanço de mais de 30% nos custos de milho desde o início do ano e pela redução do preço da carne suína.
“É importante ter esses recursos”, disse Lorenzi. “Vemos muitos produtores pensando em deixar a atividade por causa da falta de rentabilidade.” Segundo ele, o prazo de dois anos para o pagamento deve ser suficiente para que o setor possa recuperar margens e pagar essas contas.
Fôlego
Em nota, Nilo de Sá, diretor executivo da ABCS, afirmou que “a medida vai dar um fôlego para os suinocultores, proporcionando capital de giro e evitando que pequenos e médios produtores vendam suas matrizes para reduzir seus prejuízos”.
Contudo, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avalia que, apesar de a medida ter uma boa finalidade, o prazo para contratação do crédito pode reduzir os impactos positivos. “Existem questões burocráticas dentro do processo de liberação de recursos que, com o prazo apresentado, poderão reduzir o número de beneficiados”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Atualmente, com preço do suíno vivo em R$ 2,70 por quilo e o custo de produção em R$ 4 por quilo, os suinocultores de Santa Catarina têm um prejuízo de aproximadamente R$ 130 por animal vendido. Há relatos de que alguns suinocultores consideram abater matrizes, pois já não conseguem manter o plantel.
O abate de animais leves e de matrizes é apontado como um dos fatores que contribuem para o excesso de oferta de carne suína no mercado doméstico. “Parte do excedente de carne suína no mercado hoje é porque os produtores aumentaram o número de animais ofertados para o abate”, explicou Losivanio Luiz de Lorenzi, da ACCS.
“O valor de R$ 500 por matriz é realmente o preço do mercado. Acredito que a medida pode ajudar de fato a minimizar o problema”, disse o presidente da ACCS.
Nilo de Sá lembrou, em nota, que na mais recente crise vivida pelo setor de suínos, em 2012, houve redução no plantel e saída de produtores da atividade. “Cerca de 120 mil matrizes tiveram que ser abatidas, o que equivale a aproximadamente mil produtores, especialmente da região Sul”, disse o diretor da ABCS.