O T-Bone e o Champ são dois campões australianos e as novas aquisições do criador Edo Mallmann. Ele foi longe pra buscar os animais: a Austrália é uma referência em produção. Nos últimos três anos ele trouxe mais de 100 animais de lá. Mallmann já foi produtor de bananas, já teve uma transportadora de carnes e agora cria ovinos e caprinos. Começou por curiosidade. Ele tem ainda pouco tempo neste campo, mas não é difícil entender porque ele já foi longe.
? Nós devemos nos preocupar com o pé no chão. Produzir, produzir adequadamente, produzir um animal de qualidade. Um animal que dá rendimento ao produtor. Um animal que produza uma carne adequada para o consumidor e que tenha volumes, inclusive, para baratear custos ao consumidor final.
Mallmann tem criação no sul e no sudeste. Duas fazendas no Paraná e uma em São Paulo, onde mantém 2800 animais com sete raças no plantel. O criador é quase uma exceção entre os criadores, principalmente pela diversidade, mas também porque investiu bem, foi atrás de informação e quer se profissionalizar.
Falta muito deste perfil ainda, avalia o presidente da Associação Paulista de Criadores de Ovinos (ASPACO), Arnaldo Vieira Filho.
? A produção no Brasil ela vem crescendo. Vem puxada pelo mercado, pela demanda. A demanda é forte, é franca. A carne é vermelha com características que atendem ao consumidor moderno.
Numa avaliação do setor e do mercado em todo o país, os especialistas da Feinco dizem que a atividade pode ser dividida da seguinte maneira: o Nordeste, tradicional na produção, deixa a subsistência e passa a trabalhar com mais visão de mercado. O Sul, também tradicional, está vivendo uma retomada da produção, investindo também agora em carne, além da lã. O Centro-Oeste se destaca pelo potencial de área para produção extensiva e o Sudeste ganha campo pela qualidade da carne.
Mas em todo o país falta fazer o dever de casa, diz coordenador de projetos do Sebrae Enio Queijada de Souza. Ele coordena projetos de apoio aos produtores em 14 Estados e, em todos, o problema está no foco do negócio. Por mais que tenha intenção, muito produtor ainda não sabe definir.
? É o que eu chamo de vazio de estratégia, ou seja, onde é que você quer chegar, qual é o seu produto, ou quais são os seus produtos e quais são os mercados. É por isso, em função desta hesitação de mercado estratégico, que a gente continua importando carne do Uruguai, continua dando mercado pros outros.
Edo Mallmann criou a estratégia dele. Produz animais de qualidade para o mercado de consumo da carne. Ele não revela de jeito nenhum o investimento que fez, mas não tem dúvida do retorno. Sinal de que começou a fazer e bem o dever de casa.
? Quanto ao retorno econômico, ele permanece, porque o que eu investi, existe. O financeiro levará algum tempo evidentemente por uma questão de produção, mas que ele virá, vira. Só não posso mencionar o tempo.