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Cresce produção e consumo de peixes redondos no Brasil

Cruzamento dessas espécies aumentou expressivamente no país nos últimos anos

Fonte: Wikipedia/Divulgação

A produção e o consumo de peixes redondos – como tambaqui, pirapitinga, pacu e seus híbridos – cresceram expressivamente no Brasil nos últimos anos, igualando-se à produção de tilápia, com 198 mil toneladas obtidas em 2015. Dois principais fatores são responsáveis por este aumento: a legislação ambiental que proíbe a criação de tilápia em alguns estados da região Norte e Centro-Oeste e a retomada da produção dos peixes redondos em Rondônia.

Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também contribuíram para o sucesso dessas espécies a limitação da oferta de tilápia, com a escassez hídrica de 2015, no Nordeste e Sudeste, principais regiões produtoras, e o baixo preço do pescado, em geral, para o consumidor se comparados a outras proteínas, como a de carne bovina. Além disso, os peixes redondos têm rápido crescimento, hábitos alimentares diversificados, fácil captura e carne de boa qualidade, despertando o interesse de novos produtores. 

De acordo com a assessora técnica de Aquicultura e Pesca da CNA, Lilian Figueiredo, por ser considerada uma espécie exótica, não nativa do país, a tilápia não pode ser criada em alguns estados da região Norte e Centro-Oeste, segundo a Portaria Nº 145/1998 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

“A norma diz que espécie não pode ser cultivada em regiões banhadas pela Bacia do Araguai -Tocantins em razão de ferir o ecossistema aquático, sendo uma ameaça à biodiversidade nativa”, observa. A proibição abre espaço no mercado para outros peixes.

Em relação ao incremento da produção dos peixes redondos em Rondônia, a assessora técnica explica que investimentos do setor privado e políticas públicas de incentivos adotadas pelo estado, com desburocratização e desoneração do licenciamento ambiental, crédito facilitado e redução do ICMS do pescado e da ração, fizeram do tambaqui, um dos principais peixes nativos da região norte, saltar de 19 mil para 63 mil toneladas, de 2013 para 2014. “Os principais atrativos para os piscicultores são as facilidades de obtenção de peixes juvenis, bom potencial de crescimento, alta rusticidade e grande aceitação do mercado consumidor”, informa.

O secretário-executivo da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), Francisco Medeiros, acrescenta que Rondônia, posicionado como principal estado produtor de peixes redondo do país, se beneficia de seu grande potencial hídrico e da disponibilidade de grãos para ração, a preços competitivos em relação a Mato Grosso. “Mato Grosso e Rondônia juntos respondem por quase 50% da produção de peixes dessa espécie no país”. Medeiros comenta que são considerados grandes produtores os estados de Tocantins, Roraima, Amazonas, Acre e Pará; além de uma produção significativa no Maranhão, São Paulo, Bahia, Piauí e Mato Grosso do Sul.

Mercado

Proprietário de frigorífico em Cuiabá, Sidnei Cordeiro também comemora a boa fase de expansão da produção do peixe redondo. Para ele, a procura aumenta a cada dia e seu abastecimento cresce em regiões como Campo Grande e São Paulo. “Vendo mais de 60 toneladas por mês. Podia duplicar minha demanda, mas infelizmente ainda faltam unidades de processamento e oferta do produto”, registra. E acrescenta: “Podia expandir meu negócio para estados onde o consumo dos peixes redondos vem crescendo muito”.

Divino César dos Santos, piscicultor também em Cuiabá, cultiva peixes redondos há 12 anos e rebate o dono do frigorífico. Ele explica que sua produção chega a 200 toneladas ano e poderia crescer mais. “Sou apenas um, dos milhares de produtores de pescado na região. Peixe não falta. O que existe é uma discussão sobre o valor justo a ser pago aos produtores, pelos comerciantes”, diverge. Divino César celebra o aumento do consumo e acredita que o preço final do peixe em relação a outras proteínas, principalmente carne bovina, ajuda o produto a ser mais consumido. 

Benefícios da proteína

Tanto a assessora técnica Lilian Figueiredo quanto o secretário executivo da PeixeBR acreditam que há um potencial de crescimento da  produção de peixe no Brasil devido ao constante  aumento da demanda por alimentos nutritivos e saudáveis, entre os quais se incluem o pescado.

O peixe é um alimento muito nutritivo. Sua composição tem 20% de proteína, além de possuir aminoácidos essenciais em quantidades e proporções ideais para atender às necessidades orgânicas. Esses elementos também são imprescindíveis para a saúde da pele, cabelos e unhas. “Ainda tem como vantagens adicionais, ser um alimento de fácil digestão, ter baixo teor de gordura, com destaque para as gorduras do tipo Omega 3”, explica a nutricionista Priscila Acioli Lima.

A especialista acrescenta que essas gorduras atuam como anti-inflamatórios que auxiliam na redução do risco de doenças cardiovasculares, na diminuição do colesterol ruim (LDL), de triglicerídeos e também facilitam na redução da obesidade. Por todos esses benefícios, a nutricionista recomenda consumir peixe, no mínimo, duas vezes na semana. 

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