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Criação de búfalos deve voltar a crescer no Rio Grande do Sul, prevê entidade

Segundo a Cooperbúfalo, produtores têm apresentado cada vez menos fêmeas jovens para o abateEles surgiram como alternativa promissora na pecuária pela resistência, rusticidade e características de sua carne. Amainada a onda da criação de búfalos no Rio Grande do Sul, os animais ainda oferecem as mesmas vantagens aos criadores agora mais organizados e se preparando para crescer.

Resistentes, dóceis e adaptáveis a quase todos os tipos de clima, os bubalinos encontraram um lar mais do que adequado no Estado. Ao perceberem que engordavam precocemente mesmo com pastagens de baixa qualidade, os pecuaristas fizeram da criação de búfalos uma moda. No início dos anos 2000, o animal preto de origem asiática era desejado por muitos. A moda passou, o rebanho recuou cerca de 10% na última década e hoje está pronto para voltar a crescer. O rebanho gaúcho é estimado entre 65 mil e 80 mil animais. No Brasil, são cerca de 2,5 milhões de exemplares.

A previsão de crescimento vem da Cooperbúfalo, uma das entidades responsáveis pela organização do setor, que tornou o Estado um modelo de beneficiamento e comercialização copiado em toda a América Latina. Segundo o presidente, Júlio Ketzer, os produtores têm apresentado cada vez menos fêmeas jovens para o abate, o que denota o desejo de expandir a criação. Com 58 cooperados, a Cooperbúfalo trabalha em sistema de terceirização no abate e na produção de laticínios. Dessa forma, garante a compra da produção no campo e organiza a distribuição e comercialização dos derivados.

– Não podemos reclamar da disposição do consumidor com os produtos bubalinos. Se houvesse mais carne e mais queijo, venderíamos mais – ressalta Ketzer.

Com a pecuária como herança de família, o servidor público Celestino Goulart Filho deixou de lado a criação bovina e apostou todas as fichas nos búfalos. A propriedade no interior de Caçapava do Sul serviu, durante seis décadas, à criação de gado bovino. Os constantes prejuízos, no entanto, fizeram Goulart quase desistir da atividade que identificou duas gerações de seus antepassados. Um presente do ex-governador Sinval Guazzelli à família, porém, mudou o rumo dessa história. O pequeno rebanho bubalino recebido foi colocado no fundo do campo. Ao observar a evolução dos animais, o interesse de Goulart Filho cresceu.

– Percebi que tinham menos doenças e ofereciam um manejo bem mais simples que os bovinos. Depois, observei as taxas de mortalidade e natalidade e vi que os búfalos eram a saída para a propriedade – revela.

A partir da minuciosa observação e da coleta completa de dados, tomou a decisão de abandonar a criação de bovinos. Em 1998, substituiu as 700 reses por búfalos. Hoje, a propriedade tem pouco mais de 500 animais.

Além de vender carne por meio da Cooperbúfalo, Goulart Filho montou uma parceria com o produtor Sandro Ferreira e o empresário Nelson de Oliveira para vender carne bubalina com a marca Búfalo do Pampa em um supermercado local.

VANTAGENS

Além da carne magra e um leite com teor de gordura mais concentrado – o que favorece a produção de laticínios -, o manejo relativamente simples dos búfalos tem atraído cada vez mais produtores. Resistente a doenças e manso, o animal também costuma dar menos trabalho e geram menos despesas.

– Estimamos que nos últimos dois anos o rebanho cresceu 7%. Os pecuaristas estão percebendo as vantagens da criação que, combinadas com o bom mercado, tornam o negócio bastante atraente – diz o presidente da Associação Sulina dos Criadores de Búfalos, Sérgio Fernandes.

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