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Criação de pirarucu em cativeiro gera renda e reduz pesca predatória

Iniciativa reduz impacto ambiental e é alternativa para comunidades no norte do paísO pirarucu, um dos símbolos da bacia amazônica e o maior peixe escamado de água doce do mundo, é também a maior fonte de renda de grande parte das famílias ribeirinhas da Região Norte do país. No entanto, a pesca extrativista vem reduzindo fortemente os estoques naturais desse peixe. Para encontrar soluções sustentáveis que diminuam o impacto ambiental e gerem mais renda para a comunidade, foi criado em 2007 um projeto cujo foco é descobrir melhores práticas de criação do pirarucu em cativeiro.

Trata-se do Projeto Integrado de Desenvolvimento do Pirarucu da Amazônia, realizado em seis estados do Norte do País (Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins). Sua proposta é buscar respostas, como a melhor forma de engorda do peixe, o aumento de reprodução em cativeiro, formas de manejo, e até mesmo verificar como seria sua comercialização. O projeto de conhecimento e tecnologia vai desenvolver metodologias e manuais para facilitar o cultivo do peixe por produtores interessados.

Em cada Estado foram montadas três unidades de criação do peixe, que servem para a observação dos pesquisadores. Em Rondônia, por exemplo, nas unidades que ficam em Pimenta Bueno, a 500 quilômetros da capital Porto Velho, os resultados já começaram a aparecer. De três mil alevinos em cativeiro, a produção aumentou para 30 mil por safra, que vai de novembro a fevereiro.

O consultor do projeto, Martin Halverson, afirma que a parte mais complicada tem sido a reprodução dos peixes em cativeiro. Segundo ele, trata-se de uma espécie que forma casais para se reproduzir e, por isso, não dá para, em um primeiro momento, intervir aplicando hormônio para que o peixe desove, como é feito com muitas criações de outras espécies.

? Temos que respeitar a natureza do peixe e intervir para acelerar o processo. Estamos trabalhando como verdadeiros cupidos, formando os casais ? conta.

No quesito relacionado à engorda dos peixes, os resultados são satisfatórios. Nesse experimento são testadas diferentes rações. De acordo com o zootecnista e consultor do projeto, Jacob Kehdi, o pirarucu se alimenta normalmente de tilápia ou lambari.

? Nesse processo, o peixe cresce, mas são formados poucos indivíduos grandes. Com a ração, os resultados são mais positivos ? destaca.

Ele exemplifica comparando as duas alimentações. “Numa represa de 10 mil metros podemos ter, em um ano, 10 peixes de 20 quilos se o pirarucu se alimentar de lambari. Mas, nesse mesmo espaço, se a alimentação for de ração, podemos ter 600 peixes de 10 quilos ? diz.

A carne do pirarucu pode trazer bastante renda para o agronegócio da Região Amazônica, especialmente se a criação do peixe for feita com baixo custo e alta produtividade. O filé do peixe é vendido a R$ 25 o quilo ? bem lucrativo perto do filé de tambaqui, outro peixe da região, que alcança R$ 6 o quilo.

Pelo projeto, também é realizado um estudo de mercado. A idéia é que chefs renomados tenham contato com o peixe criado em cativeiro e possam testá-lo em diferentes pratos. O mesmo processo é feito com supermercados, para que avaliem se terão público para o peixe, se comprariam e que valor pagariam pelo produto. Esse trabalho ocorre em seis capitais do país: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belém e Curitiba.

O pirarucu destaca-se na culinária por ter carne saborosa e desprovida de espinhas. É uma espécie valorizada no mercado nacional e em países como Japão. O rendimento médio de carne é de 57%. Além disso, 10% do couro são aproveitados na produção de bolsas, sapatos e cintos.

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