Criadores de aves e suínos voltam a pedir ao governo linha de crédito para escoamento de milho

Governo tranquilizou o setor produtivo afirmando que os estoques atuais asseguram suprimento do grão até a entrada da nova safraRepresentantes dos setores da avicultura e da suinocultura voltaram a pedir nesta quinta, dia 13, ao Ministério da Agricultura linhas de crédito e subsídio ao frete para escoamento de milho.

— O governo deveria ter um artifício para que o milho chegue às transformadoras de frango e de suíno a preços mais justos, para não prejudicar o produtor — disse Renato Kreimeier, vice-presidente da Cooperativa Languiru, em Teutônia (RS).

Kreimeier e outros representantes da cadeia produtiva se reuniram nesta quinta em São Paulo com técnicos do Ministério da Agricultura para discutir a situação de abastecimento em meio ao cenário de preços sustentados do grão. O governo diz que preço é questão de mercado, mas tranquilizou o setor produtivo afirmando que os estoques atuais asseguram suprimento até a entrada da nova safra.

Segundo Kreimeier, criadores podem pagar ao redor de R$ 27,00 a saca de 60 quilos de milho – o preço de mercado no Rio Grande do Sul é pelo menos R$ 10/saca mais alto, de R$ 37/saca. Ele sugere que o governo subsidie o frete para que o criador gaúcho possa buscar milho onde o preço é mais baixo. Ele calcula que a necessidade do Estado é de 1,5 milhão de toneladas de milho no curto prazo.

— O que me preocupa é que existe muita burocracia, muita lentidão por parte do governo — diz.

Já Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), defende que o governo disponibilize “rapidamente” uma linha de crédito ao setor.

— Capital de giro a juro baixo ajudaria o produtor integrado — argumenta.

O governo, contudo, diz que há dificuldades para atender ao pedido.

— O problema de crédito é a garantia, e nisso nós não temos como mexer — disse o secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães. Ele também disse ser impossível ao governo comprar milho a preço abaixo do de mercado.

Estoques

O presidente da Associação Paulista de Avicultura, Erico Pozzer, disse que a reunião desta quinta serviu para tranquilizar o setor, pelo menos quanto à disponibilidade de milho.

— O governo nos tranquilizou com os dados de estoques de passagem, pois existe milho, apesar de estar longe (dos consumidores) — afirmou.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima estoques de oito milhões de toneladas de milho ao final da safra, sendo que a maior parte está armazenada em Mato Grosso.