O diretor superintende da Acrimat, Luciano Vacari, prevê que neste ano haverá um problema sério de abastecimento de carne em Mato Grosso, por causa da perda de parte das pastagens destinadas à criação do rebanho bovino, estimado em 28,7 milhões de cabeças. Ele diz que no curto prazo é difícil reverter a situação, pois a estação das águas, período ideal para realizar o replantio, está chegando ao fim.
A preocupação maior da Acrimat é com as dificuldades que os pecuaristas terão para recuperar as pastagens. O Imea calcula que os criadores terão que gastar R$ 3,09 bilhões para repor o pasto, em operações de replantio ou de gradeamento das áreas. Luciano Vacari diz que os criadores não têm condições financeiras para arcar com esses custos, que correspondem a 62% do valor bruto da produção (VBP) da pecuária mato-grossense no ano passado. O VBP foi de R$ 4,95 bilhões, relativo ao abate de 4,33 milhões de cabeças de gado.
As projeções do Imea sobre as perdas de pastagens e os gastos para recuperação das áreas foram feitas a partir de um levantamento com 495 criadores, que são proprietários de 1,9 milhão de hectares. A pesquisa constatou que 57% dos entrevistados tiveram problemas com a morte de pastagens. O maior índice foi registrado na região nordeste de Mato Grosso, onde 68% dos entrevistados relataram estar com pasto degradado.
A pesquisa apurou que a forte seca do ano passado foi responsável por 53% dos casos de morte de pastagens, seguido de pragas (cigarrinha e lagartas) com 43%, e excesso de umidade provocado pelas chuvas, com 4%.