– Iniciei com poucos animais, apenas 10 fêmeas e um macho. Ao longo dos anos, fiz anotações e medições sobre o seu desenvolvimento, sua fecundidade, sua longevidade, seu ganho de peso, seu potencial. E isso foi fazendo com que, cada vez mais, os búfalos me convencessem de que seria uma excelente oportunidade na pecuária brasileira – diz.
Para produzir animais de qualidade, Camargo divide o sistema de criação. Em um lote, faz melhoramento da raça. No outro, cruzamento com fêmeas mestiças e em um terceiro mantém bezerros desmamados, que compra de planteis leiteiros.
– Essa preocupação que eu tenho não deveria ser só minha, mas de todos. Fazer parte do objetivo de todos os bubaleiros brasileiros se esmerarem cada vez mais na qualidade daquilo que produzem, porque não existe preconceito que possa persistir, se o produto colocado no mercado tiver realmente qualidade – opina.
O criador aponta que não há concentração de rebanhos bubalinos em uma determinada região do Brasil. O fato, em sua avaliação, dificulta a formação de uma cadeia produtiva organizada. Já o diretor de frigorífico Renato Sebastiani, afirma que a valorização da carne nos últimos anos fez com que o preço da arroba seja quase equivalente ao dos bovinos.
– Quando a gente começou, dois anos atrás, o preço da arroba do búfalo era cerca de 20% abaixo da arroba do boi. Eu tinha esta oferta, só que não tinha padrão de qualidade. Hoje, ao contrário. Eu tenho padrão, parceiros e consigo ter um deságio de apenas 4% a 5% em relação à arroba do boi – pontua.
O frigorífico, conforme o profissional, abate 200 búfalos por mês. O diferencial da produção são os cortes especiais, que representam 20% da carne de búfalo. Sebastiani diz que um dos desafios da indústria, é valorizar toda a carne do animal.
– Pelo menos 80% da carne é vendida no mercado de comodities. Então, buscamos industrializar, fazendo hambúrgueres e outros produtos temperados para, quem sabe, atingir o consumidor final, valorizando o produto.