Outra possibilidade é a inclusão de um pedido de ressarcimento de outros prejuízos decorrentes da falta de pagamentos. A crise se estende para a área industrial. A partir de desta segunda, 297 funcionários das áreas de empanados e embutidos da fábrica da Doux em Montenegro, no Vale do Caí, estão dispensados por dez dias, com salários pagos, e deverão compensar as horas a partir de junho. Vão se somar a outros 350 em férias coletivas por 30 dias.
– É um efeito cascata. Os criadores não querem mais alojar os animais sem receber, e aí falta matéria-prima na fábrica. A situação tende a piorar, e tememos demissões – ressalta Laureno Renner, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Montenegro.
Liminares judiciais garantem a 13 produtores, até o dia 27, o pagamento de cerca de R$ 2 milhões com a interdição das matrizes alojadas pelos suinocultores. Significa que os animais, que seriam alojados por outros produtores, não podem ser retirados das propriedades mesmo pertencendo à Doux.
– Estamos analisando a possibilidade de pedir a posse definitiva desses animais. Outra questão é incluirmos os prejuízos que os produtores estão tendo sem receber – explica Evandro Muliterno de Quadros, advogado do grupo de suinocultores.
O valor devido aos produtores já somaria R$ 50 milhões.
– Os reflexos negativos são enormes – afirma Valdecir Luís Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.
Criadores de aves também não estão recebendo os pagamentos, com atrasos chegam a 150 dias. Procurados pelo jornal Zero Hora, nenhum representante da Doux foi encontrado.