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Criadores mineiros de peru contabilizam prejuízos neste fim de ano

Com baixa rentabilidade e altos custos de produção, produtores chegam a vender esterco dos animais como alternativa para cobrir gastosCom a proximidade do Natal, a carne de peru volta a ocupar o lugar de protagonista na mesa dos brasileiros. Os criadores da ave em Minas Gerais, porém, não têm muito o que comemorar neste fim de ano. Os avicultores mineiros reclamam do sistema de parceria com a agroindústria e dos preços estagnados nos últimos cinco anos, além dos altos custos de produção e das dívidas com a construção dos aviários. A situação é tão complicada que alguns criadores chegam a vender esterco como adubo para alternat

A região de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, possui 82 aviários que criam perus ligados à unidade da  Brasil Foods, de Uberlândia (MG), que abate 28 mil perus por dia. Os criadores que entraram na parceria nos últimos 10 anos estão questionando o sistema de integração e contabilizam perdas. O criador João Batista Chaves Filho ficou 90 dias sem receber os lotes de peru para engordar. O tempo de espera gerou despesas, já que o intervalo normal entre um lote e outro é de, no máximo, 22 dias.

– Isso quebrou o meu esquema financeiro do ano, que era a perspectiva de dois lotes e meio até três durante o ano. Estou com um e meio, no máximo dois. Tentando fechar o lote no azul, agora acabei no vermelho. O prejuízo foi de pelo menos R$ 9 mil reais por mês, com despesas locais e previsão de rendimento. É muita exigência e, da parte deles, pouca ação – desabafa.

Em outra granja da região, o criador Pedro Graceli diz que o preço que recebe por cabeça se mantém o mesmo há anos e os custos de produção só aumentam. Quando sobra algum dinheiro, ele precisa reinvestir para manter a estrutura dos aviários em bom estado.

– A gente recebe por cabeça e, há cinco anos, é mais ou menos a mesma coisa. Só que os custos estão se elevando muito e este ano provavelmente vamos fechar no vermelho. O que sobrou,  eu tive que fazer uma composteira, tive que comprar mais bebedouro, comprar mais ventilador, além dos reparos que tem que fazer na estrutura do galpão. Não tem como  continuar a atividade com essa remuneração – explica Graceli, que cria peru há 11 anos.

Claiton de Lima acreditou no sistema de parceria e iniciou a atividade há sete anos, fazendo até três lotes e meio por ano. Para concluir a construção dos aviários, pegou empréstimo no banco e na empresa integradora. A dívida hoje fica vinculada ao contrato de integração.

– O que nos prende na empresa é a questão da dívida que a gente tem com ela. A gente teve uma anistia, a empresa nos  beneficiou nessa parte, mas estamos presos ao contrato até 2020, se quisermos quitar a dívida. Por outro lado, a partir do momento que a empresa achar que o integrado não é mais viável pra ela, é feito o desligamento e ficamos à mercê do tempo.

Fazendo um cálculo rápido, na granja de Lima, que possui três aviários, o criatório rendeu  655 toneladas de peru. Um movimento de R$ 90 mil bruto. Tirando o custo, sobram R$ 15 mil para o integrado em um ano inteiro de trabalho.

Assim, os avicultores viram os custos aumentarem e a renda cair nos últimos cinco anos. Se esse mesmo cálculo fosse feito em 2006, sobraria pelo menos o dobro de renda para o bolso do criador. Outro ponto que chama atenção é que a venda da chamada cama, ou seja, os dejetos do peru para serem utilizados como adubo, rende quatro vezes mais, com menos trabalho.

Lima viu nos cafezais da região um bom mercado para o adubo. Passou a fazer compostagem e agregar ainda mais valor às camas de peru. Vendeu mil toneladas por R$ 150 mil no ano. É  que mantém ele na atividade.

– Antes eu era produtor de carne, me considerava um produtor de carne. Hoje, eu sou um produtor de esterco. Ficar nessa posição na cadeia me deixa muito frustrado, porque a nossa principal atividade é produzir carne para empresa. Como os meios financeiros não deixaram que isso acontecesse de maneira a ser sustentável, agora sou produtor de composto orgânico. Se não fosse isso, já teria fechado as portas, o que acontece muito com companheiros de atividade na região da unidade de Uberlandia.

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