Uma das maiores investidoras em genética no segmento, a Dorper Campo Verde aponta que o mercado é promissor. Com um plantel de 1,5 mil animais, a empresa aplica R$ 50 mil por ano somente no aprimoramento genético. Além de vender ovinos de elite e reprodutores, comercializa também o sêmen.
– A gente tem alguns programas de melhoramento genético. Focamos tanto na reprodução para melhoramento da carne quanto na produção de fêmeas e animais de elite para exposições. Um dos objetivos é produzir borregos mais pesados em menos tempo. Como o dorper e whitedorper convertem muito alimento em pouco tempo, estamos conseguindo, com fazendas tecnificadas, com genética, reduzir em 20, 25 dias o tempo de abate. De 150, 120 dias, já tem gente abatendo com 100 dias. Em dinheiro, são 20 dias a menos com o borrego no coxo – aponta o criador Lucas Heymeyer.
Primeira empresa de inseminação artificial a entrar no mercado de ovinos e caprinos, a Alta Genetics seleciona reprodutores em fazendas espalhadas pelo Brasil, retira o sêmen e comercializa para criadores interessados em aprimorar o rebanho. Por ano, o volume de doses vendidas aumenta em média 30%. A projeção para os próximos cinco anos é quadriplicar este número, segundo o gerente de produtos, Edson Siqueira Filho. Ele afirma que, além de promover melhoramento genético, o trabalho aumenta a produtividade e a eficiência econômica das propriedades.
– Um criador do Amazonas pode usar o sêmen de um reprodutor que está em São Paulo, através do sêmen congelado. A gente comercializa e manda para lá. A primeira coisa que fazemos é ver o objetivo da propriedade e selecionar as fêmeas e os carneiros nos quais vamos introduzir a genética. Porque em uma fazenda que quer trabalhar com abate de cordeiros, vamos trabalhar com animais com uma ótima produção de carcaça, conversão de alimentos, gordura. Selecionar fêmeas, acasalar estes carneiros. É um animal excelente para este tipo de mercado – explica.
Apesar da projeção positiva, na opinião do especialista em genética André Assumpção, o mercado ainda deve demorar a se tornar autossuficiente na produção de cordeiros. O Brasil possui um rebanho de 16 milhões de ovinos. Destes, sete milhões são fêmeas em idade reprodutiva, das quais apenas 0,5% são inseminadas artificialmente. O setor, segundo ele, está no caminho certo, mas os resultados não devem aparecer a curto prazo.
– Todo mundo que está na cadeia produtiva tem visto a evolução nos últimos anos. A gente tem que aumentar nossa produção desde as matrizes, reter fêmeas, ter mais fêmeas. Precisamos ter 10, 15, 20 vezes mais matrizes para produção de carne para manter a nossa demanda. Sem falar de mercado externo. Na carne, este é um caminho sem volta. Devemos abastecer pelo menos aquilo que a gente precisa ter – diz.