Em relação aos principais Estados produtores, os laticínios de Goiás registraram queda de 14% na captação de leite no ano passado em relação a 2010. Em São Paulo, o recuo foi de 4,3%. O levantamento foi feito em sete Estados, que representam 70% da produção nacional. Além de Goiás e São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná produziram 21 bilhões de litros em 2011. Somente Paraná e Bahia tiveram índices positivos, conforme explica a pesquisadora do Cepea Aline Ferro.
– A rentabilidade do produtor, principalmente no primeiro semestre, caiu, em função dos altos custos de produção. Isso basicamente em função de milho e de farelo de soja – afirma.
Os principais ingredientes da ração das vacas subiram 29% no ano passado. O preço do leite, pouco mais de 17%. Para o analista de mercado Maurício Nogueira, a situação desestimula o produtor.
– Estamos perdendo mercado de leite, de lácteos no Brasil. Isso é preocupante, porque a luta é para construir mercado. E o Brasil é um dos países onde o mercado se expande. É um mercado consumidor interessante, então perder não é bom – avalia.
O produtor José Dini relata que a produção de leite em sua propriedade, que fica em Piracicaba, São Paulo, caiu de 100 litros para 60 litros de leite por dia nos últimos três meses. Ele recebe R$ 0,60 por litro, que era vendido a R$ 0,80 no ano passado. Dini aponta que, com área pequena, o pasto é escasso e o gasto com ração para suas 14 vacas fica em torno de R$ 600,00 por mês. O valor representa a metade dos ganhos com a venda de leite.
– Aconteceu que subiu muito a ração e o farelo. E o preço do leite baixou – lamenta.
Para aumentar a produção, ele diz que sonha instalar uma ordenhadeira mecânica, um resfriador para o produto e melhorar a pastagem. Entretanto, para isso, de acordo com especialistas, seria necessário um investimento entre R$ 600,00 e R$ 800,00 para cada litro.
– A gente gostaria de investir, mas já tirando do próprio leite. Tirar do capital para investir aqui não é viável hoje – conclui.