Defesa Agropecuária restringe antiparasitários em bovinos de corte

Instrução normativa foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta, dia 29A Secretaria de Defesa Agropecuária, órgão do Ministério da Agricultura, proibiu o uso de produtos antiparasitários - em bovinos de corte confinados ou semi-confinados - que contenham em sua fórmula princípios ativos da classe das avermectinas, com prazo de carência maior do que 28 dias entre sua aplicação e o abate do gado. A instrução normativa foi publicada nesta quinta, dia 29, no Diário Oficial da União.

O país enfrentou muitos problemas com a exportação de carne bovina para os Estados Unidos no ano passado e ao longo de 2011, por conta de alegação de excesso de vermífugo pelos importadores. No Brasil, não havia um limite máximo de dias determinados, e cada laboratório tinha sua própria dosagem, o que implica em prazos que poderiam necessitar a espera de até 150 dias entre o uso do produto e o abate do animal.

Sem se atentarem para as diferenças entre as marcas dos remédios, muitos produtores acabavam abatendo os bovinos antes do período correto após a aplicação do vermífugo. Isso pode fazer com que o gado retenha resíduos do medicamento depois de morto e que o antiparasitário permaneça na carne vendida ao consumidor em quantidade que pode ser nociva para a saúde humana. A alegação das autoridades dos Estados Unidos era justamente esta, a de que a carne brasileira continha quantidades do medicamento acima dos limites tolerados pelo país.

No mês passado, a Secretaria de Defesa Animal (SDA) do Ministério da Agricultura informou que o excesso de resíduos foi maior em 2009, quando atingiu 4,13%. No ano passado, a incidência caiu para 1,56%, mas este ano voltou a subir, para 2,34%.

A medida vale para o gado de corte criado em regime de confinamento e semiconfinamento. Além disso, a proibição também está prevista para animais de corte criados em regime extensivo e que estejam em fase de terminação.

Os Estados Unidos também são grandes produtores de carne e importam relativamente pouco produto do Brasil. A rejeição de um grande player do mercado internacional, porém, significa um desgaste da imagem do produto brasileiro no exterior.

No início de novembro, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec) calculou que o Brasil perdeu US$ 104 milhões em exportações por causa da ivermectina, um dos derivados da avermectina, na carne rejeitada pelos Estados Unidos. De acordo com o presidente da entidade, Antonio Jorge Camardelli, ao longo de 2011, as indústrias gastaram R$ 12 milhões em ações de controle, como visitas a fazendas e análise de animais vivos e em carne processada.