O país enfrentou muitos problemas com a exportação de carne bovina para os Estados Unidos no ano passado e ao longo de 2011, por conta de alegação de excesso de vermífugo pelos importadores. No Brasil, não havia um limite máximo de dias determinados, e cada laboratório tinha sua própria dosagem, o que implica em prazos que poderiam necessitar a espera de até 150 dias entre o uso do produto e o abate do animal.
Sem se atentarem para as diferenças entre as marcas dos remédios, muitos produtores acabavam abatendo os bovinos antes do período correto após a aplicação do vermífugo. Isso pode fazer com que o gado retenha resíduos do medicamento depois de morto e que o antiparasitário permaneça na carne vendida ao consumidor em quantidade que pode ser nociva para a saúde humana. A alegação das autoridades dos Estados Unidos era justamente esta, a de que a carne brasileira continha quantidades do medicamento acima dos limites tolerados pelo país.
No mês passado, a Secretaria de Defesa Animal (SDA) do Ministério da Agricultura informou que o excesso de resíduos foi maior em 2009, quando atingiu 4,13%. No ano passado, a incidência caiu para 1,56%, mas este ano voltou a subir, para 2,34%.
A medida vale para o gado de corte criado em regime de confinamento e semiconfinamento. Além disso, a proibição também está prevista para animais de corte criados em regime extensivo e que estejam em fase de terminação.
Os Estados Unidos também são grandes produtores de carne e importam relativamente pouco produto do Brasil. A rejeição de um grande player do mercado internacional, porém, significa um desgaste da imagem do produto brasileiro no exterior.
No início de novembro, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec) calculou que o Brasil perdeu US$ 104 milhões em exportações por causa da ivermectina, um dos derivados da avermectina, na carne rejeitada pelos Estados Unidos. De acordo com o presidente da entidade, Antonio Jorge Camardelli, ao longo de 2011, as indústrias gastaram R$ 12 milhões em ações de controle, como visitas a fazendas e análise de animais vivos e em carne processada.