Para fugir dos altos custos com energia elétrica, produtores de suínos de Mato Grosso investiram para que os próprios animais pudessem gerar energia. O projeto deu certo e os pecuaristas inauguraram a primeira usina termoelétrica com esse sistema na região.
Ser autossuficiente e ainda conseguir produzir mais de R$ 6 milhões anuais em energia elétrica era um sonho antigo de um grupo de suinocultores que acaba de se tornar realidade após a adaptação na fazenda e construção de uma usina de biodigestor.
Na propriedade do suinocultor Iraldo Ebertz, em Tapurah (MT), a energia elétrica é a grande vilã dos custos. O consumo anual na fazenda é de 500 Kilovoltampere (kVA), um gasto alto que fez com que ele quase deixasse a atividade. Para conseguir fechar a conta, o jeito foi utilizar a produção para gerar energia, investindo no biodigestor.
A ideia animou outros cinco pecuaristas da região, que entraram como sócios no projeto. Depois de pensar no projeto, chegaram ao valor de R$ 7,6 milhões no investimento – sendo R$ 5,2 milhões financiados pelo banco e o restante pago por eles. “Acreditamos que iremos pagar esse projeto em torno de sete anos, ele automaticamente se paga por si. Hoje, graças a Deus é um projeto bonito e pode ter certeza, ele é referência nacional para as pequenas propriedades”, conta Ebertz.
A fazenda de Iraldo possui três unidades produtoras de leitões, cada uma com capacidade para até 4500 matrizes. Com uma produtividade de mais de 361 mil animais, que ele começou a implantação do sistema abastecido pelos dejetos dos animais, o que antes era um problema acabou virando solução.
Para o sócio Evandro Martiminiano, o trabalho é um exemplo de que é possível produzir um zuíno de qualidade, com alta produtividade e sem agressão ao meio ambiente. “Estamos transformando o que é resíduo dessa atividade, que é o dejeto, no biofertilizante que é o biogás na combustão de energia transformando ela em uma fazenda sustentável com energias renováveis e limpas”.
O projeto dos seis produtores cresceu e foi além. Com a estrutura do biodigestor, eles construíram algo inédito no país: uma caldeira de biogás. O diretor da empresa fabricante de caldeiras Possamar Industrial, Gilmar Andrês, explica como ela produz energia. “A caldeira 1 tem um único alimentador de combustível biogás gerado pelos dejetos suínos canalizado até o soprador da caldeira e injetando dentro em forma de um maçarico que é onde vai transformar a água em vapor e posterior a isso o vapor vai para a turbina transformando em energia elétrica”.
No caso da fazenda de Iraldo, a caldeira possui dois alimentadores de biogás e tem uma fornalha incineradora, colocada a pedido de um dos sócios, para que fosse possível incinerar o lixo produzido pela fazenda, ou uma árvore derrubada pelo vento, palanques de cercas descartados e materiais que seriam descartados no lixão e podem ser incinerados na propriedade.
A principal vantagem do novo sistema é a economia de energia elétrica, a fazenda se torna autossustentável. Além disso, o projeto já chama a atenção de outros criadores e pode servir de exemplo para produtores de todo o país.