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Leite

Desabafo: 'Estou vivendo a epidemia do coronavírus, de vender e não receber'

Márcio Góes Santos, produtor em Sergipe, relata que com o fechamento das feiras livres, os queijos não estão sendo vendidos, trazendo prejuízos para as queijarias e para o produtor que fornece o leite

queijo
Foto: Ministério da Agricultura

A pandemia do novo coronavírus e o fechamento de restaurantes, bares e hotes tem afetado diretamente o setor lácteo. O produtor de leite do município de Nossa Senhora da Glória, em Sergipe, Márcio Góes Santos, vende o seu leite para uma queijaria local. Com o fechamento das feiras livres em alguns municípios, principalmente Aracaju, os queijos não estão sendo vendidos, trazendo prejuízos para as queijarias e para o produtor que fornece o leite.

“Hoje estou me sentindo sem saída porque produzo o leite e não tenho para quem vender. Hoje entrego o leite e não sei se recebo porque quem coleta o leite alega que não está vendendo porque o queijo é vendido em feiras, mas não estão funcionando. Ele está estocando o leite. Estou vivendo a epidemia do coronavírus, a epidemia de vender e não receber. Estou com débitos e não tenho como pagar. Você trabalha, trabalha, trabalha e não sabe se recebe”, lamenta.

Queijarias

A produtora Regina Cardoso dos Santos produz uma média de 500 quilos de queijo por dia. Cerca de 70% dos queijos produzidos são comercializados em feiras livres de vários municípios do estado. Com o fechamentos das feiras, a procura está baixa. “Estamos em uma situação complicada. Não temos a quem vender a mercadoria e tivemos que parar de comprar leite e os produtores estão desesperados. Hoje não temos nenhum pedido e muito queijo no estoque”, explica Regina

Maria Joseane da Costa também é dona de uma queijaria e presidente da Associação dos Queijeiros de Sergipe. Ela vem passando por grandes dificuldades por conta da pandemia do coronavírus. Segundo ela, 50% da produção é para feiras livres e restaurantes. Como não há demandas, ela já tem um estoque de 1.400 quilos de queijo.

“Por conta do coronavírus, estamos em uma situação muito difícil. A gente tinha uma capacidade de produção para 250 quilos de queijos e com essa situação estamos produzindo 120 quilos, que não estão saindo. Uma situação difícil. Não temos como pagar os produtores de leite porque não recebemos”, afirma.

Alternativas

Segundo o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Sergipe (Faese), Ivan Sobral, o escoamento da produção agrícola é através das feiras livres. Um decreto estadual garantiu a realização das feiras livres em todo o interior do estado para a comercialização de gêneros alimentícios e produtos agrícolas, mas não está sendo cumprido em alguns municípios.

“Defendemos que as feiras aconteçam seguindo as medidas preventivas para evitar a proliferação do coronavírus, usando equipamentos de segurança, mantendo a distância entre as barracas, pias e sabão para lavar as mãos ou pontos com álcool em gel. Entendemos que os produtores rurais não podem parar”, pontua Ivan.

Outra medida que vai ajudar os produtores de leite é a parceria com uma empresa, que se comprometeu em absorver 50 mil litros de leite a mais do que a sua média diária para ajudar os pequenos produtores.

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