– De tempos em tempos, as autoridades sanitárias russas decidem colocar restrições temporárias ou maiores controles às unidades brasileiras. Mas a decisão de embargar essas nove plantas foi decorrente da última visita que eles fizeram ao país, em julho – disse Sampaio.
Ele explicou que, em relatório que está com o Ministério da Agricultura, as autoridades russas apontam que há “inconformidade com as normas sanitárias do país”.
– Eles descrevem o que ocorre com cada unidade. O que deu para perceber, num aspecto geral, é que eles citam bastante a questão do uso da ractopamina, mas há outras inconformidades”, declarou Sampaio.
Hoje, há 56 unidades habilitadas para vender à Rússia, mas somente 14 – com o embargo atual – estão totalmente liberadas para o envio de lotes ao país.
Sampaio disse que ainda não é possível calcular o impacto nas vendas do setor. Um dos motivos é que as empresas do setor são bem diversificadas geograficamente e podem atender ao mercado russo via outras plantas. A segunda é que ao mesmo tempo em que há uma quantidade expressiva de restrições às unidades, a Rússia aumentou a cota destinada às exportações brasileiras de carne bovina.
– Parece contraditório, mas a Rússia dá cota para a Europa, Estados Unidos e outros países. O Brasil se encaixa nessa cota de ‘outros países’, a qual houve um aumento da tonelagem – disse.
Sampaio ainda explicou que a Abiec está pedindo ao Ministério da Agricultura que reitere as garantias sanitárias que foram dadas aos russos na época das visitas das autoridades do país e que brigue por uma reversão da decisão o mais breve possível.
– A Rússia já avisou que, independente de estar na Organização Mundial de Comércio, vai continuar usando as suas regras de comércio. O Brasil é quem tem que mostrar a equivalência nesse assunto – enfatizou.
A Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), afirmou que já está se mobilizando para verificar quais são as exigências que não estão sendo cumpridas para solicitar a reabilitação da planta embargada. Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou que vai analisar o relatório preliminar enviado pelo serviço fitossanitário da Rússia e deve fazer as considerações antes da publicação da versão final do documento.
Marfrig nega ter recebido notificação sobre exportação à Rússia
A Marfrig Alimentos esclareceu que ainda não recebeu qualquer notificação oficial sobre a suspensão temporária de exportação de produtos de duas unidades à Rússia, imposta pelo serviço de fiscalização veterinária e fitossanitária do país.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que se confirmada a suspensão, as exportações totais para a Rússia não deverão ser afetadas e serão realizadas a partir das demais unidades produtoras da Marfrig Beef no Brasil e no Uruguai. A empresa disse, ainda, que a estratégia do Grupo Marfrig sempre esteve pautada na diversificação geográfica e de proteínas, com sua plataforma global que permite transpor eventuais barreiras comerciais e sanitárias através do redirecionamento da produção entre unidades, regiões ou países, sem afetar seu nível de produção.
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