Em 2010, Mato Grosso abateu oficialmente 4,330 milhões de bovinos. Este número leva em conta os abates realizados nos frigoríficos fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Sanitária Federal, Estadual ou Municipal. Porém, os abates em matadouros clandestinos geram prejuízos para os cofres públicos, para os pecuaristas e ainda colocam em risco a saúde do consumidor.
? A situação chegou num nível que a pecuária brasileira não pode mais sofrer com estas práticas que são criminosas, principalmente contra o consumidor final de menor renda. Ele esta consumindo um produto sem nenhum tipo de inspeção sofrida por aquele produto ? comenta Luciano Vacari, superintendente Acrimat.
Outra preocupação do setor é com a imagem da pecuária mato-grossense, que pode ser arranhada pelos abates clandestinos.
? A pecuária brasileira sofre por conta de uma ação dessas que pode manchar e prejudicar a imagem da produção brasileira, que é extremamente sustentável nós somos modelos para o mundo inteiro. Agora ações como esta deve sem feitas para colocar estes criminosos na cadeia. Isso é um assunto de polícia ? ressalta.
Para combater a ilegalidade, poder público e iniciativa privada vão atuar em conjunto. A força tarefa contará com Acrimat, secretarias de desenvolvimento rural, saúde e fazenda, polícia militar e o Instituto de Defesa Agropecuária. De acordo com o Indea, uma das medidas será ampliar o controle do trânsito de animais. O órgão deve contratar novos técnicos e implantar barreiras móveis, que vão ter a missão de coibir o transporte ilegal de bovinos.
? Se for com relação ao transporte de animal para abate, tem que prender e dar a destinação a estes animais. Se for para abate o Indea vai autuar. Se for com relação a parte da vigilância sanitária, no varejo, a vigilância sanitária vai ter que tomar as devidas providências legais e encaminhamento provável para incineração ou enterro destes produtos. E se for com relação ao crime cometido, porque você brincar com a saúde da população é um crime previsto em lei, a força policial vai ter que tomar as providências legais e fazer um encaminhamento seguro para que sirva de exemplo, para que outras pessoas não possam estar (até mesmo por muitas vezes desconhecerem a gravidade das sequelas que possam trazer para a população) prejudicando a população de Mato Grosso ? observa Valney Souza Corrêa, diretor-presidente Indea-MT.
A fiscalização nas revendas, como açougues, supermercados e feiras também deverá ser mais rigorosa e ocorrer com maior frequência. O objetivo é apertar o cerco contra os criminosos, identificando e punindo os estabelecimentos que receberem e comercializarem o produto irregular. Comerciante há 25 anos, Silvânia Costa Silva Nascimento aprovou a iniciativa.
? Para nós é muito bom, porque como trabalhamos com produtos inspecionados, produtos de origem, esta fiscalização beneficia muito porque poderemos mostrar para os nossos clientes que o produto que vendemos tem garantia, é legalizado.
Mas para que o trabalho realmente funcione, além de intensificar as fiscalizações também é preciso conscientização e apoio dos consumidores. O alerta é para que as pessoas evitem comprar produtos de origem duvidosa. Uma dica para ter certeza desta procedência é conferir o carimbo da inspeção sanitária, ou ainda pedir ao comerciante que apresente a nota fiscal da carne que está sendo vendida.
O economista Arthur Guimarães afirma que segue com frequência estas medidas. Para ele a comprovação da origem da carne e a higiene do estabelecimento são condições indispensáveis para garantir um alimento saudável.
? Acima de tudo, é evidente que nós buscamos pela lei da sobrevivência o que é mais barato, o que é mais cômodo, o que é mais confortável, mas o que é mais saudável para a nossa família. Nós estamos falando de saúde pública, e o comerciante tem que se ajustar para atender bem este consumidor ? informou.
A população também pode ajudar a reduzir o número de abates clandestinos ligando para o disk denúncia. Em Mato Grosso, o telefone é o 0800-647-0515.