O mercado de boi gordo passou o dia apreensivo com a notícia da suposta suspensão de compra de boiada para abate por parte de grandes grupos frigoríficos. A notícia se confirmou e 75% das empresas suspenderam as compras, segundo Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria. A medida deve evitar maior repercussão no mercado internacional sobre os desdobramentos da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, dia 17.
Quando ainda não havia concluído o levantamento, a Scot Consultoria garantia que pelo menos cinco plantas frigoríficas não operaram nesta segunda-feira, dia 20. “Com a paralisação dos grandes frigoríficos, perde-se o fluxo de mercado, o que gera redução de concorrência e problema de escoamento de animais. Soma-se a isso o menor ímpeto do consumidor em adquirir carne e está dado um cenário nada positivo para o mercado”, diz Alex Lopes, consultor de mercado, que não descarta possíveis quedas na arroba.
Segundo ele, o momento é de especulação. O analista sugere cautela por parte dos pecuaristas para que não haja pânico no mercado do boi gordo. “Empresas vão especular, tentar comprar animais por preços mais baratos em função, inclusive, do cenário conturbado. Sugiro que o pecuarista, assim como as empresas, assimile melhor o que está ocorrendo no mercado antes de se antecipar”.
Citadas entre as empresas que poderiam suspender a compra de boiadas, a JBS e a Marfrig não confirmaram a notícia. Segundo representante do Grupo Marfrig, Maucrício Manduca, Trader de Commodities Inteligência de Mercado, a empresa ainda deve avaliar os impactos da notícia no mercado internacional, assim como seus desdobramentos, antes de qualquer posicionamento oficial. “Por enquanto, não temos uma decisão”.