O abate de aves foi suspenso pela Doux, mas as etapas anteriores ligadas à produção não foram paralisadas, o que indica a possibilidade de retomada rápida, avalia o presidente da União Brasileira de Avicultura, Francisco Turra, que nesta terça conversou com um diretor da empresa.
– Produção e exportação foram suspensas, mas permanece a parte genética, de produção de ovos férteis e pintos – relata o dirigente.
Para Turra, a compra faz sentido para o grupo JBS, um dos líderes mundiais em processamento de carnes.
Com R$ 40 mil por receber, o produtor Edemir Rosso, em Passo Fundo, fechou as portas do aviário há dois meses. Agora, aguarda com expectativa a possível venda da Doux para tentar recuperar o investimento:
– Estamos cheio de promessas, mas carentes de solução. Só queremos receber para voltar ao trabalho – declara o produtor.
No caso da unidade de suínos, a BRF está à frente da operação e começou a pagar os atrasados dos produtores integrados, mas ainda resta resolver a restrição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) à aquisição da planta devido à concentração de mercado.
No pagamento feito aos suinocultores, o depósito aparece como feito pela BRF. A nota da entrega dos animais na indústria, porém, segue em nome da Doux.
– A questão do Cade fica em segundo plano. Não podemos parar a unidade e prejudicar os produtores – opina Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.
Problemas começaram entre 2004 e 2005
Segundo fonte ouvida pelo jornal Zero Hora, os problemas financeiros da Doux tiveram início entre 2004 e 2005, quando a companhia no Brasil enviava produção para a matriz, na França, mas não recebia o pagamento.
A situação foi agravada por perdas da Doux relacionadas à disparada do dólar no fim de 2008 e à continuidade da política da controladora, ainda mais debilitada pela crise global.