No mercado, a expectativa é de que a interrupção se estenda até o fim das negociações entre a empresa com sede na França e um novo investidor, provavelmente o grupo JBS, maior processador de proteína animal do mundo.
– A informação que temos é de que a empresa só voltará a alojar normalmente quando estiver com o novo parceiro confirmado – diz o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado (Fetag), Elton Weber.
Em fevereiro, uma visita sigilosa de Charles Doux, presidente mundial da empresa, ao Rio Grande do Sul, chamara a atenção para a tentativa do controlador em buscar uma solução para a crise que afeta os negócios desde 2008. Na época, havia circulado a informação de que o empresário teria demitido um dos principais dirigentes da multinacional e decidido iniciar as tratativas para a venda.
Na época, alguns funcionários da Doux da unidade de Montenegro foram informados de que a companhia e a JBS assinaram carta de intenções para o negócio. A compradora estaria agora analisando as dívidas e o patrimônio da empresa francesa no Brasil, para avaliar quanto poderia investir no negócio.
– As negociações, como se sabe no mercado, estão andando e provavelmente a JBS deve assumir as operações de frangos. No caso das operações de suínos, teria sido iniciada negociação com a BRF, mas o Cade vetou a compra. O problema é que a Doux recebeu adiantamento pela negociação e teria dado como garantia, entre outras coisas, o abatedouro de Ana Rech, em Caxias do Sul – afirma Osler Desouzart, diretor da OdConsulting.
Aristides Vogt, diretor-geral da Doux Frangosul no Brasil preferiu não se manifestar nesse momento. Fontes do mercado avaliaram que a negociação está bastante adiantada e que é provável que se tenha uma definição nos próximos 30 dias. Seria compra de toda a operação de frangos da Doux no Brasil, assumindo inclusive as dívidas com os integrados.
A perspectiva é de que Doux deixe de operar no Brasil. As plantas de abate e produção de alimentos à base de suínos também estão sendo negociadas. Nesse caso, a empresa que deve assumir a operação é a Brasil Foods (BRF, originada da fusão entre Perdigão e Sadia). Conforme o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, em Passo Fundo, a unidade de abate está fechada desde o dia 4.
Ainda não está clara uma solução para os produtores integrados que não receberam pela entrega dos animais destinados ao abate para a Doux. A expectativa é a de que as empresas que assumirem os negócios da Doux regularizem os pagamentos, mas o assunto ainda é tratado em sigilo.