Em comunicado, a Doux Frangosul informou que seu acionista majoritário decidiu abrir o capital do grupo e buscar um novo investidor. Isso, segundo a empresa, permitirá “o processo de recapitalização e, com o refinanciamento junto aos bancos, reestruturar a questão da dívida, trazer estabilidade e fornecer meios para o crescimento futuro”. Já sobre a venda da operação de suínos, a empresa disse que não se pronunciará.
Em nota veiculada no site, o MP informa que o diretor-geral da Doux Frangosul no Brasil, Aristides Vogt, prometeu aos produtores integrados de suínos uma solução de curto prazo, com a preservação de seus interesses. “Ao procurador-geral de Justiça em exercício, Ivory Coelho Neto, Vogt enfatizou que o fornecimento de ração para suínos e aves será normalizada”.
O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, confirma que a Doux mencionou a intenção da companhia de se desfazer de sua unidade de suínos, mas não deixou claro quem iria assumir as dívidas com os integrados.
– Eles disseram que o fornecimento de ração já estava normalizado, mas para mim não ficou claro que essa nova empresa vai assumir as dívidas dos integrados. Normalmente é assim, mas eles não explicaram direito – afirmou.
Ele estima pendências entre R$ 18 milhões e R$ 20 milhões a cerca de 700 integrados de suínos desde agosto do ano passado. Segundo o presidente da Acsurs, a Doux não informou quem seria o comprador.
– Só acredito quando o negócio for fechado. A sensação que tive após sair desse encontro é que a Doux distribuiu bilhetes marcados de loteria e agora temos que esperar se eles vão ser realmente sorteados – declarou.
Comenta-se que o comprador seria a BRF Brasil Foods ou a Marfrig. Procurada pela Agência Estado, a BRF disse que não se pronunciará sobre o assunto. Já a Marfrig negou qualquer aquisição.
Novo sócio
Ainda na reunião com Ministério Público, a Doux disse estar preparando uma operação de abertura de capital para atrair um novo sócio para a companhia e assim resolver os débitos com os seus mais de 1,6 mil produtores integrados de aves. “Com investimentos externos, os pagamentos deverão ser feitos assim que houver conclusão das negociações”, disse o MP na nota. “É legítima a pressão dos agricultores, e também é compreensível a situação da empresa. Justamente por causa das questões sociais que implicam a falta de pagamento é que o MP auxilia o acordo entre as partes”.