O embargo da China às exportações da carne bovina brasileira, em decorrência da confirmação de mal da vaca louca no sudeste do Pará, tende a ser derrubado no curto prazo. Ao menos é o que avalia Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).
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O pesquisador falou sobre essa questão ao conceder entrevista ao Canal Rural. Durante a conversa com o jornalista e apresentador Antônio Pétrin, durante a edição desta quarta-feira (1º) do telejornal ‘Mercado & Companhia’, ele reforçou que o lado brasileiro não é o único interessado em resolver o quanto antes essa situação e, consequentemente, voltar com os embarques para o país asiático.
“A expectativa é que a solução seja rápida”, disse Bernardino de Carvalho ao responder pergunta sobre o tempo que o embargo poderá permanecer ativo. Nesse sentido, ele citou que, possivelmente, a suspensão de embarques por Pequim não chegará aos mais de 100 dias registrados em 2021, quando o Brasil teve dois casos atípicos de mal da vaca louca.
“Se o Brasil depende da China, a China também depende do Brasil”, continuou o integrante do Cepea. Assim, o pesquisador reforçou que, nos últimos anos, os chineses têm ampliado a compra de carne bovina brasileira para conseguir suprir a sua demanda interna. Em 2022, a China respondeu por mais de 50% das exportações brasileiras desse tipo de proteína animal.
Carne brasileira em novos mercados
Na entrevista, Thiago Bernardino de Carvalho afirmou que, apesar de a China depender da carne bovina brasileira, é importante encontrar novos destinos. Ele explicou que, desde a confirmação do caso de mal da vaca louca e o autodeclarado embargo, os preços do boi gordo recuaram quase 11% no intervalo de cinco dias.
“É de extrema importância a gente encontrar outros mercados compradores” — Thiago Bernardino de Carvalho
Até o momento, o pesquisador reforçou que a oscilação dos preços foi o único problema sentido pelo setor. Contudo, mais desafios tendem a surgir em caso de prolongamento do embargo pela China. “É de extrema importância a gente encontrar outros mercados compradores”, disse ao lembrar que, recentemente, avançaram as negociações com Indonésia e México para a comercialização de carne bovina.
Protocolo de embargo pode ser revisto
Em vigor desde 2015, o atual protocolo de exportação de carne bovina do Brasil com a China pode ser revisto, acredita Bernardino de Carvalho. Para ele, é perceptível — diante da receita cambial para o lado brasileiro e a necessidade de atender a demanda local pelo lado chinês — que uma mudança no acordo “é de interesse dos dois países”.
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Editado por: Anderson Scardoelli.
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