A Rússia responde por mais de 40% das exportações de carne suína brasileira. E essa concentração é apontada como o principal problema, com forte influência no resultado das exportações. No geral, em relação a julho do ano passado, a queda foi de 17% no volume e de 13% na receita. Só nas exportações para a Rússia, o volume foi 20% menor de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período em 2010.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, o fim do embargo é a única solução para a retomada das exportações.
? A gente não pode ficar com esses problemas permanentes. Eu estava certo de que essa situação se resolveria nesta semana ou até na semana que vem. Tudo o que a gente escutava era nessa linha. Agora está confuso, o Ministério não explica o que está acontecendo. Está muito difícil entender o que acontece ? relata.
Mas o analista de mercado da MBAgro, César de Castro Alves, afirma que simplesmente a reabertura do mercado russo pode não ser suficiente.
? Não basta reabrir o mercado. Precisa que tenha volume sendo demandado. Então, temos muita incerteza em relação a esse parceiro porque eles tem investido muito nas criações de frango e suínos locais. Isso tem feito eles sinalizarem que vão importar menos, e já estão fazendo isso ? ressalta.
Carne bovina
A Rússia também é o principal comprador da carne bovina brasileira. Mas, segundo analistas, o impacto do embargo sobre os negócios é bem menor, comparando com a carne suína. Isso porque o país europeu é bem mais dependente da carne bovina importada e o Brasil é um importante fornecedor.
No geral, as exportações de carne bovina também caíram. Em relação a julho de 2010, o volume foi 35% menor e a receita caiu 18%. No acumulado dos primeiros sete meses do ano, o volume vendido para a Rússia foi um dos que menos caiu: apenas 4%. Para o Irã, a queda foi de 27%, para o Egito, 35% e para a União Europeia, 5%.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, explica que as maiores dificuldades do setor são as questões políticas e religiosas no mundo árabe, além dos problemas econômicos na Europa.
? A Europa, agora com essa manifestação candente de problemas na zona do euro, ratifica a posição de que não tem interesse nenhum em importar a carne do Brasil pelas razões manifestadas no controle de propriedades, nas dificuldades de execução do Hilton, na dificuldade de cumprir o acordo de compensações pela entrada da Romênia e da Bulgária ? afirma.
Apesar disso, a entidade mantem a projeção positiva para este ano.
? A perspectiva para os próximos meses é ter uma numerologia parecida. Mesmo assim, as perspectivas do setor para a finalização do ano ainda são de um aumento da ordem de 10% a 15% na receita e o mesmo proporcional no que diz respeito ao volume, no comparativo ao ano passado ? conta Camardelli.
Já o analista de mercado aposta em crescimento apenas da receita com as exportações de carne bovina.
? O resultado das exportações seguramente será maior neste ano do que no ano passado. Em receita, em dólares, porque o volume, dificilmente a gente consegue superar o volume do ano passado, que já foi ruim. Temos visto muita incerteza econômica, muitas dúvidas em relação à situação da Europa, só que para os preços de carne bovina, isso dificilmente vai impactar. Se tiver uma recessão muito forte, vai impactar, mas não trabalhamos com esse cenário principal ? opina.