Em resposta, o Ministério da Agricultura do Brasil divulgou nota afirmando que já foram tomadas todas as providências para que as vendas sejam retomadas. Uma carta com os detalhes das ações foi remetida nesta terça, dia 14, aos russos.
“Com base nos argumentos e providências adotadas, o Ministério solicitou a revogação da suspensão temporária das exportações dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso”, segundo o comunicado.
Além disso, a correspondência encaminha o resultado das supervisões realizadas em todos os estabelecimentos exportadores de carnes auditados pela missão russa ao Brasil no período de 3 a 15 de abril. Contém, ainda, informações com as avaliações dos demais exportadores brasileiros.
A nota informa que todas as observações de não conformidade com as normas da UA foram totalmente atendidas e os procedimentos, adequados aos requisitos russos. Além de documentos, o ministério encaminhou uma nova lista de estabelecimentos que atendem os critérios do país importador, conforme acerto entre as partes feito em reunião de maio, em Moscou. Apesar de os russos terem comentado sobre uma reunião para o final de junho, o governo brasileiro solicitou um encontro já na próxima semana, na capital russa.
O ministro Wagner Rossi acredita que o prazo pode ser prorrogado e aguarda uma resposta sobre a visita de técnicos da pasta à Rússia para aprofundar as negociações.
? Nós não recebemos a resposta final, mas recebemos uma sinalização de que os russos esperavam que nós tomássemos duas providências, a de atender aos 18 pontos da carta que nos foi enviada pelo Serviço Sanitário Russo e a de que nós fizéssemos a análise das plantas envolvidas no veto para exportação à Rússia. Nós fizemos as duas coisas. Estamos prontos para fornecer. Estamos mandando à Rússia todas as informações, porque essas foram consideradas pelos russos necessárias antes da nossa missão ir à Rússia.
Insatisfação
O documento de três páginas da autoridade sanitária da Rússia, o Rosselkhoznadzor, deixa clara a insatisfação dos russos com a forma com a qual o Brasil vem lidando com a situação.
“É pouco promissora a tentativa de transferir problemas reais existentes do campo técnico para o campo informativo-político”, disse a agência sanitária.
Conforme o texto, a solução dos problemas de garantia de segurança de produtos alimentícios brasileiros importados pela Rússia só será possível pelo caminho da organização de negociações e consultas em nível técnico e de especialistas.
Como havia dito o ministro brasileiro na semana passada, o Rosselkhoznadzor salientou que o Brasil não é um país inseguro em matéria de epizootias. A agência salientou, porém, que, em particular, há constantes focos de doenças perigosas no Brasil como a febre aftosa e surtos de outras doenças de animais que podem ser perigosas para o homem.
“Segundo resultados de monitoramento de segurança de produtos inspecionados brasileiros exportados para a Rússia, várias vezes foi detectada contaminação microbiana em lotes inspecionados de produtos que chegam à Rússia”, continua o documento, citando como exemplo salmonella, listeria, coliformes, microorganismos aeróbicos mesófilos e facultativos-anaeróbicos. Também teriam sido detectados vestígios de agentes farmacológicos.