Embarques de carne bovina e frango para o Irã registram queda em 2011

Instabilidade política nas relações entre o país e as principais potências econômicas deixam em alerta setores do agronegócioA instabilidade das relações entre o Irã e as principais potências econômicas do mundo deixa em alerta os setores do agronegócio brasileiro. Exportadores brasileiros de carne bovina e de frango começam a ser afetados pelos problemas, já que o Irã é um dos principais destinos da produção nacional. No setor da avicultura a queda em 2011 chegou a 10%, enquanto na carne bovina a queda chegou a 30%.

O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, diz que o motivo do recuo ainda não está claro.

— Nós buscamos informações nas embaixadas para saber se havia alguma coisa e não encontramos nenhuma resposta, nenhuma informação que fosse ameaçadora ou que fosse um problema. Nós imaginamos que isso seja uma mudança de regras que esses países islâmicos impõem. Uma restrição que suspende as importações e retomam logo depois. Houve a informação que eles estão protegendo os produtores locais, mas eles não abastecem nem a quinta parte da necessidade do país — afirma Turra.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Antônio Camerdelli, aponta que a situação política foi um dos motivos para que recentemente uma grande carga de carne ficasse retida no porto do país.

— Foi exatamente este contorno entre a operação comercial, entre as dificuldades de materializar o processo de pagamento, junto com as dificuldades políticas que o governo do Irã atravessa hoje — avalia Camardelli.

Mesmo com a dificuldade, os dois representantes acreditam que neste ano os embarques devem se regularizar.

— Eu quero crer que este ano as exportações retomem e que o Brasil é o grande fornecedor. Eles podem até procurar em outros mercados, mas não há tanta disponibilidade porque nós fornecemos um produto Halal dentro das exigências iranianas — comenta Turra.

— Nós acreditamos que a área cinzenta que fica entre o político, o comercial e a burocracia, ela pode se resolver um pouquinho antes ao Ano Novo, que me parece que seja em março, ou posterior ao ano novo. A expectativa é que a gente possa recompor os quantitativos anteriores — estima Camardelli.

Mesmo com as sinalizações positivas, especialistas apontam que a situação em relação ao Irã é incerta e que o principal efeito disso no curto prazo é a redução da concessão de crédito de exportação para o país.
 
— Com as sanções colocadas pelos Estados Unidos e União Europeia, bancos que antes financiavam as exportações não estariam mais fazendo esse comércio. Mas como o ex-chanceler Sérgio Amorim já disse, sanções determinadas pelo Conselho de Segurança (da ONU), o Brasil tem que cumprir — avalia o coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP,  Gunther Rudzit.