Mateus Arantes, produtor da Fazenda São Mateus, já vinha adotando a agricultura e a pecuária, mas sofria com as oscilações de produtividade devido às variações do clima. Com a adoção do novo Sistema, que se baseia em tecnologias já existentes, mas adequadas à realidade do produtor e ao ambiente da região, há um melhor desenvolvimento das plantas, por haver um aprofundamento do sistema radicular das culturas e, com isso, um maior aproveitamento da água das chuvas no solo.
– Isso faz com que, mesmo em terras arenosas como as daquela Região, que são classificadas como inadequadas para a produção de grãos, possamos ter boas produtividades. Outro fator positivo é que o Sistema também viabiliza economicamente a recuperação das áreas com pastagens degradadas, incluindo a produção de grãos”, explica o pesquisador da Embrapa Júlio Cesar Salton.
Tradicionalmente, os outros modelos de iLP iniciam a sequência de rotação pela agricultura, para depois incorporar a pastagem. No SSMateus, a sequência começa pela pastagem. Com o início da rotação pela pastagem, há tempo adequado para que os corretivos reajam no solo, o sistema radicular da pastagem construa uma estrutura de solo favorável à manutenção de umidade e forneça a palha necessária para o Plantio Direto da soja.
Segundo o pesquisador, a adoção de um sistema como esse pode representar a viabilidade de uma propriedade, principalmente por existirem propriedades com baixa rentabilidade devido a pastagens degradadas. Um levantamento realizado na Região do Bolsão Sul-Mato-Grossense, mostra que há cerca de 3 milhões de hectares com aptidão para o Sistema São Mateus.
– Se adotarmos esse modelo ou similar em apenas um terço desses hectares, haverá um impacto econômico positivo de cerca de R$ 1,5 bilhão. Isso pode dinamizar a economia da Região e do Estado – ressalta Salton.
Durante os cinco anos, o SSMateus foi comparado a outros sistemas utilizados na Fazenda e em outras propriedades da região. Nesse período, ocorreram os chamados veranicos, períodos sem chuva, em três anos. Salton afirma que nos sistemas tradicionais, praticamente não houve produção de soja. Já no Sistema São Mateus, houve produção em todos os anos, com produtividade média de 50 sacas de soja por hectare. Na pecuária a diferença entre sistemas tradicionais e o SSMateus é ainda maior.
– O sistema tradicional da Fazenda, apesar de não ser degradado, resulta em cinco a seis arrobas de carne por hectare/ano. Já o Sistema São Mateus, logo no primeiro ano da rotação da pastagem após a soja, chegou a produção média de até 20 arrobas de carne por hectare/ano – ressalta Salton.
Outros benefícios do SSMateus são redução de perdas por erosão, eliminação do alumínio tóxico no perfil do solo, melhoria na estrutura física do solo, redução de perdas de água por evaporação e maior capacidade das plantas em absorver água do solo em profundidade.
Produtores rurais, técnicos e demais interessados no Sistema, terão a oportunidade de conhecer mais sobre o Sistema nesta semana, nos dias 27 e 28 de junho, na Expotrês 2013, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. O público ouvirá os depoimentos de pesquisadores da Embrapa, Júlio Cesar Salton e Ademir Hugo Zimmer, e do produtor da Fazenda, Mateus Arantes.