A Embrapa desenvolveu o índice de condição corporal (iECC) que oferece informações rápidas, objetivas e confiáveis sobre o potencial de fertilidade dos animais incluídos em programas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).
Com isso, técnicos e produtores poderão tomar decisões imediatas. Esse índice, resulta de uma série de cálculos matemáticos, a pesquisa disponibiliza uma planilha MS Excel automatizada, que pode ser baixada gratuitamente e utilizada em tempo real no curral, pelo celular. Após isso, o usuário precisa apenas inserir o escore de condição corporal de cada vaca que será submetida à IATF.
Segundo a Embrapa, o iECC de vacas de corte é inédito e faz a relação entre o escore de condição corporal e a fertilidade de vacas de corte pós-parto submetidas aos protocolos de IATF. É um método capaz de identificar animais com maior probabilidade de prenhez e oferece uma avaliação da condição nutricional para as vacas que serão incluídas em programas de IATF.
Luiz Pfeifer, pesquisador da Embrapa e criador do índice, argumenta que “a previsibilidade de resultados e a instrumentalização do produtor são as principais vantagens do uso desse índice no processo de IATF, com foco na máxima eficiência do rebanho”.
As informações que o iECC oferece podem envolver a identificação de gastos desnecessários na inseminação de animais com menor probabilidade de gestação, ou mostrar a necessidade de investimentos em manejo nutricional para promover o melhor desempenho dos animais. As oferecidas deixam claro quais animais têm maior ou menor potencial reprodutivo, favorecendo a possibilidade de correção para que o processo tenha sucesso.
Outra vantagem é que o elevado iECC também está associado à produção de carne mais sustentável, visto que os mesmos insumos o produtor poderá produzir mais bezerros com o uso da IATF, uma vez que bezerros produzidos via inseminação artificial têm melhor eficiência do que os produzidos por monta natural. “O iECC foi desenvolvido para auxiliar os produtores a aumentar a fertilidade do rebanho e, consequentemente, o potencial de exploração na mesma área e com os mesmos insumos”, afirma Pfeifer.
Incentivo à IATF
De acordo com o pesquisador, o uso sistemático do índice também incentiva a utilização da IATF pelos produtores. Isso porque as informações confiáveis oferecidas sobre a condição nutricional podem deixar claro onde estão os pontos que podem comprometer a eficiência deste protocolo, favorecendo sua maior adoção.
No Brasil, a IATF cresce cada vez mais. Estima-se que 22% das vacas de corte são inseminadas nesse processo no p
aís. Para se ter uma ideia, há dez anos eram cerca de 6%. “Quando se aumenta muito o uso do protocolo, a eficiência tende a diminuir. O índice criado pode auxiliar a manter as taxas do protocolo de IATF cada vez mais altas, ou mesmo aumentá-las”, aponta o pesquisador.
Acesso rápido, fácil e com informações confiáveis
Os estudos demonstram que o escore de condição corporal de vacas pós-parto está diretamente associado ao desempenho reprodutivo. Vacas que possuem um bom ECC (entre 3 e 4) têm maior probabilidade de prenhez do que as fêmeas que apresentam ECC abaixo ou acima dessa amplitude. Dessa forma, a maior eficiência reprodutiva pode ser alcançada quando a avaliação de ECC é utilizada como critério para selecionar as fêmeas com maior probabilidade de emprenharem por IATF.
Com isso, a adoção sistematizada dessa avaliação, baseada não na média de ECC do rebanho, mas sim na avaliação individual dos animais, oferece resultados objetivos e mais assertivos do efeito do ECC na probabilidade de prenhez de vacas que participam de protocolos de IATF.
A relação do iECC e a fertilidade foi validado em pesquisa realizada em parceria de unidades da Embrapa Rondônia e Embrapa Pantanal. Foram avaliados 31 lotes de inseminação contendo mais de 2,3 mil animais.
Nesse trabalho, os pesquisadores verificaram que a melhor fertilidade foi atingida em lotes de vacas com melhor iECC. “A utilização desse índice pode auxiliar o produtor e o técnico dando informações mais precisas sobre a condição corporal e a fertilidade dos animais utilizados em reprodução”, complementa o pesquisador da Embrapa Pantanal, Ériklis Nogueira.
Pfeifer explica que, apesar de uma vaca com ECC 3, por exemplo, ter condições de realizar todas as funções reprodutivas, cumprindo seu papel no sistema de produção, um lote de vacas com ECC médio de 3 não diz muito ao produtor.
Pois a média não traduz a individualidade de cada animal do lote. Pfeifer cita que a média entre dois animais com ECC de 1 e de 5, respectivamente, é 3. Entretanto, nenhum desses dois animais está em condições adequadas para atingir bons índices de fertilidade.
Já o índice desenvolvido demonstra que quanto maior o iECC melhor a fertilidade. Pois ele leva em consideração o quanto cada fêmea está distante do objetivo que deve alcançar. “Essa é a fórmula matemática que está envolvida na planilha que estamos disponibilizando aos técnicos e produtores. São informações objetivas e seguras para que o técnico e o pecuarista possam tomar decisões quanto ao rebanho”, diz Pfeifer.
Como calcular o iECC
Para o índice ser calculado, o primeiro passo é avaliar o ECC individual de todas as vacas que farão parte do protocolo de IATF. Isso pode ser feito de forma visual, usando uma escala de ECC de 1 a 5 com incrementos de 0,25 unidades de ECC (1 = magro, 5 = gorda). Com esses dados, basta inserir na planilha que ela gera automaticamente o resultado do índice. Caso o produtor não saiba avaliar o ECC do animal, a régua Vetscore, ferramenta simples desenvolvida pela Embrapa Rondônia, pode auxiliar na identificação de animais com adequado ECC. Esse dispositivo é formado por duas réguas articuladas que, ao serem posicionadas sobre a garupa do animal, indicam sua condição corporal.
Para o uso da planilha em tempo real no curral de manejo é importante que seja feito seu download com o uso da internet. Depois, ela estará disponível no computador ou celular onde foi baixada para que possa ser acessada e realizar os cálculos em modo offline.