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Pecuária

Embrapa: lavoura-pecuária é rentável e mais sustentável no Cerrado e Amazônia

Estudo comparou a integração de atividades (ILP) com plantio de soja seguido de milho e pecuária extensiva; sucessão de plantios é a mais lucrativa, mas com maior custo ambiental

ILP
Foto: Gabriel Faria / Embrapa Divulgação

Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) relacionou o desempenho econômico com indicadores ambientais em uma análise comparativa de três sistemas de produção em localidades do Cerrado e da Amazônia: a integração lavoura-pecuária (ILP); lavoura de soja seguida de milho; e pecuária extensiva.  Os resultados mostraram que a sucessão agrícola é mais rentável do que a ILP e a pecuária, porém com um custo ambiental maior. Por outro lado, a ILP, além de lucrativa, é a alternativa mais sustentável para a produção de alimentos nos dois biomas, concluíram os pesquisadores da entidade.

O estudo coletou dados em fazendas no estado de Mato Grosso na safra 2017 e 2018. Segundo a Embrapa, o trabalho reforça que monocultivos agrícolas são mais rentáveis quando commodities têm preço elevado. Contudo, quando se coloca na ponta do lápis e consideram-se aspectos ambientais da produção, como o uso de recursos renováveis, não renováveis e de insumos externos, o sistema integrado se mostra mais interessante, devido ao menor impacto ambiental por unidade produzida.

De acordo com o estudo, a sucessão agrícola de soja e milho apresentou rentabilidade superior ao sistema ILP. A rentabilidade da atividade está relacionada ao ativo uso de insumos externos, fator que reduz o nível de sustentabilidade do sistema a longo prazo. Dessa forma, o indicador de sustentabilidade se mostrou mais eficaz para o sistema integrado.

“Para manter altos índices produtivos, são necessários cada vez mais insumos externos. Isso gera um círculo vicioso, no qual, embora se aumente a produtividade, o custo ambiental fica cada vez mais elevado”, afirma o coordenador do estudo, Júlio César dos Reis, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril (MT).

O pesquisador da Embrapa Acre Judson Valentim conta que, no caso da pecuária extensiva, o baixo desempenho produtivo e a elevada emissão de gases de efeito estufa tornam o sistema extensiva menos sustentável.

“No sistema de pecuária de corte tradicional a produtividade obtida é de seis arrobas de carne/hectare/ano. Quando essa mesma área é utilizada em sistemas de integração lavoura-pecuária, o produtor consegue obter uma safra de soja, uma safrinha de milho e ainda produzir boi safrinha. Isso resulta em maior eficiência no uso dos recursos naturais e do capital investido”, ressalta Valentim, ao frisar também o papel ambiental da atividade.

“Além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, por unidade de produto, contribui para diminuir a pressão por desmatamentos, ajudando a manter a floresta em pé. Esses ganhos indicam que os sistemas integrados são mais eficientes na conversão de recursos ambientais e econômicos em produtos finais”, conclui.

Indicadores 

De acordo com a Embrapa, a sucessão agrícola de soja e milho apresentou um lucro líquido de US$ 295 por hectare, contra US$ 235,69 do sistema ILP. Mas no indicador de sustentabilidade utilizado no estudo – baseado no conceito chamado de emergia ou “energia incorporada” -, a ILP obteve 0,67 contra 0,46 da lavoura, em uma escala em que quanto maior o número, mais sustentável é a atividade.

A pecuária extensiva, por sua vez, como utiliza poucos insumos e grandes extensões de terra, obteve um índice superior, com 5,62. Porém a atividade obteve prejuízo financeiro de US$ 0,58 por hectare no período avaliado, e apresentou baixo desempenho na avaliação das emissões de carbono equivalente.

Foto: Gabriel Faria / Embrapa Divulgação

A metodologia de estudo foi aplicada através de um conjunto de planilhas capaz de considerar informações sobre os fluxos de matéria e energia nos processos produtivos. Nessa metodologia, todos os insumos, sejam eles renováveis, como luz solar, chuva, vento e fixação biológica de nitrogênio, ou não renováveis, como a perda de solo, e insumos externos usados na produção, como combustíveis, eletricidade, sementes, fertilizantes, pesticidas e maquinário, são transformados em equivalentes de energia solar.

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